quinta-feira, 23 de junho de 2011

Coisas do Coração


A Alma vai-se abrindo para o mundo sempre que alguém diz que “gosta” ou avança com um “sim”. Às vezes basta só um “gosto” para que a porta se abra e a alma se espelhe. Mas esse, tem de vir da pessoa certa para a coisa certa. Na generalidade não basta um, não bastam dois, não bastam três... Têm de ser muitos para podermos acreditar. Ouvir “sins” e “gostos” vicia. Quando se tem um, quer-se outro e mais outro e assim por diante. Os “sins” mimam, os “gostos” animam e o mimo e o ânimo dão azo ao capricho.

Quando se diz que se gosta ou não gosta é sinal de atenção e todos nós precisamos de atenção. Uns mais do que outros, é um facto. Mas que precisamos, precisamos e assim, grande parte do nosso tempo é usada para chamar a atenção e ter mimo de quem está ao nosso lado ou ao nosso alcance.

Faz parte do dar, receber assim como faz parte do receber, dar. Leia-se o que está escrito. Receber e dar têm de ser recíprocos, não têm de ser na mesma altura. Há alturas próprias para umas e para outras. Dai o capricho ter sido metido ao barulho. Às vezes queremos demais. Deixar os “gostos” e os “sins” chegarem e entrarem e dá-los de volta na altura certa e é uma ciência exacta e exige sabedoria. Mas é aqui que a porca torce o rabo, porque não é a razão que manda é o coração e só é bem aceite se vier do fundo dele. A ciência está em saber ler o que vem do coração.

Dai a célebre frase de Antoine de Saint-Exupéry “só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.”

Viver é sentir. Saber viver é aprender a retirar dos sentidos aquilo que nos faz bem e muitas vezes o que nos faz bem é ver e fazer os outros felizes porque são eles também que nos fazem felizes. É o nosso contraponto.

E posso dar voltas e mais voltas e andar em pescadinha de rabo na boca que por mais voltas que se dê, vai-se sempre para ao mesmo lugar. O coração.