quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Suspense

Dor latente
Mente dormente
Pensamento vergado e calado
Esperança guardada
Desejo adormecido
Expectativas encerradas
Até a alegria é comedida e contada
E a tristeza está à porta fechada
A ver se não sai
Tudo em compasso de espera
Assim me sinto no meio desta baralhada
Onde não há frio não há amor
Não há vazio não há dor
A chuva bate mas não molha
O sol quando aparece não aquece
Mundo este despido de frio
Onde o dia antecede a noite
E a noite vem a seguir ao dia
Numa sucessão de dias sem luz
O que vem a seguir não sei
Só a Lua é uma certeza
Neste universo de incertezas
Mas até esta está nua
E envolvida num manto de sombras
Disfarce único e irredutível
Imposto pelo pudor
Sobra a doce luz do seu sorriso
Que foge através das dobras
Lançando lianas bem fortes
Para me poder resgatar
E seja lá quando for
Guardar a minha alma dorida
Entregar-me o meu sorriso
Envolver o meu corpo
Num abraço de conforto
Devolver-me a alegria e a paz
Que um dia me foram tiradas

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