sexta-feira, 26 de março de 2010

Amizade


Para mim cada amizade é como cada qual, tendo as suas características muito próprias e especiais e que têm a ver com os interesses de cada interveniente. Parece frio e duro mas foi assim que eu aprendi.

Posso ir sonhando, fazendo filmes, mexendo nos actores, mudando as cenas, mas se quiser ser pragmática, terra a terra, é assim que é.

Estas amizades são construídas com base no que cada um é e está disposto e disponível para dar, ceder e receber, com um objectivo ou com um projecto comum. Seja ele qual for, deve estar definido e bem claro, é claro que se pode ir ajustando e modificando com o tempo mas sempre em conjunto. Também é claro que pode acabar em qualquer altura também é claro que pode recomeçar.

Neste processo existem forças que se medem entre os queres de cada um, e são nestas forças, que existem ou podem existir espinhos.

Se o projecto ou objectivo for consistente eles são ultrapassados e passam a haver compromissos, se não for …

Aquela história dos ouriços, que volto a contar no fim, é um exemplo bonito de tudo isto.
Conta-nos uma história de amizades ou de interesses e a forma bonita como eles se ligam, dando e recebendo, aprendendo, recuando e avançando, mas construindo e chegando ao que interessa com mais ou com menos picos, dar calor e receber calor para sobreviver.

Na história não falam em felizes, mas suponho que se sobreviveram e conseguiram suportar e aguentar a dor e não sentir frio é porque foram felizes. E se conseguiram levar adiante um projecto, sobrevivendo à era glaciar, foram bem sucedidos e devem estar orgulhosos do seu projecto, fizeram historia.

Relembro agora aquela historia bonita e muito real, que mostra a amizade o comprometimento, o interesse e tudo o mais o que se queira retirar dela.

“Durante a era glacial, muitos animais morriam por causa do frio.
Os porcos-espinhos, percebendo a situação, resolveram se juntar em grupos, assim se agasalhavam e se protegiam mutuamente, mas os espinhos de cada um feriam os companheiros mais próximos, justamente os que ofereciam mais calor.
Por isso decidiram se afastar uns dos outros e começaram de novo a morrer congelados.
Então precisaram fazer uma escolha: ou desapareciam da Terra ou aceitavam os espinhos dos companheiros.
Com sabedoria, decidiram voltar a ficar juntos.
Aprenderam assim a conviver com as pequenas feridas que a relação com uma pessoa muito próxima podia causar, já que o mais importante era o calor do outro.
E assim sobreviveram”.

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