segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Mudanças


Quando eu era pequena, eram raras as vezes que me liam histórias, mas eu lembro-me que uma vez a minha Avó me começou a ler “Os Desastres de Sofia”.

Na mesma história eu conseguia rir e chorar, ficar zangada, ser benevolente, e perceber o porquê de se conseguir desculpar tanta asneira. Em suma, de ver nas entrelinhas todas os ensinamentos que nos pretendiam passar: a bondade, a razão, a dádiva, o amor prevaleciam sobre tudo.

Mais tarde li por mim, “As Meninas Exemplares, As Mulherezinhas, Os Oito Primos e até na Dona Redonda, O Principezinho” ,O Colégio das Quatro Torres, As Gémeas no Colégio de Santa Clara, e tantos outros que nos ensinavam tantas coisas boas, bonitas, simples, ….

Imagino que todos estes filmes da Disney, Bamby, Rei Leão, Dumbo, Peter Pan, bem como todos os livros de que falei, foram para nós aquilo que as pinturas das igrejas foram para os analfabetos católicos.

Ensinavam-nos a vida, a beleza, o sentimento, a bondade, a partilha, a entreajuda, eu sei lá a quantidade de coisas que nos incutiam. Sei que conseguíamos ser crianças saudáveis que dão, partilham, são humildes, olham à sua volta, sentem e ressentem-se, são fortes na sua essência, caem e não choram, dão e não sentem que estão a perder, ajudam os amigos, não os abandonam mesmo que a situação seja dura.

Tantas vezes tentei passar estas coisas aos meus filhos. Tenho todos esses livros, todos esses vídeos, eu li histórias, eu contei-lhes tantas coisas que me contaram a mim!

Até que um dia percebi que a vida não é o que era, a lei da sobrevivência hoje, não é a de ontem.

Hoje, ensinamos a agressividade, a luta, a concorrência, a exigência em forma de egoísmo, a felicidade imediata, o isolamento, o consumismo…

Por mais que me custe e que saiba que tudo isto não é o que nos dá a felicidade duradoura e eterna, não posso estar sempre a remar contra a maré.

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