terça-feira, 16 de setembro de 2008

Mais do Mesmo


Estive no outro dia em amena cavaqueira com uma amiga que me dizia à séria e muito indignada, que hoje temos muito o culto da felicidade – ser feliz. Tudo o que fazemos e como o fazemos é em função dessa famosa máxima “ser mais feliz”. E no entanto não conseguia ver onde estava essa tão famosa felicidade que toda a gente tanto invoca, tanto quer e tanto estrebucha para ter.

Estivemos horas da nossa existência a discutir animadamente se tínhamos ou não obrigação de ser felizes, como fazíamos para o ser e, depois disto tudo, se éramos na realidade mais felizes.

Chegamos as duas à feliz, ou infeliz conclusão, e contra nós falámos que, na realidade, as pessoas não estão mais felizes mesmo.

Das duas três, ou não temos a noção das consequências, ou não sabemos o que é felicidade, ou então a liberdade é tanta que perdemos por completo a noção da comparação.

É certo que tudo na vida tem os seus mas e os seus ses. É certo que todos gostaríamos de ser felizes, é certo que é isso que nos pedem nesta vida. Mas também é certo que somos precipitados, que deixámos de nos dar, que deixámos de saber lutar, que temos mais medo de deixar escapar o que poderão ser oportunidades, deixámos de dar valor às coisas, de saber suportar a dor, deixamos que a vida nos apanhasse na curva, nesta procura um pouco inglória da felicidade plena.

A felicidade fácil e inteira não existe, já dizia a minha sábia, muito sábia Avó, com aquele seu sorriso lindo.

A felicidade é Dar. Mas Dar, não é só dar. É saber retirar do Dar a experiência do Receber. Dar pão, receber um sorriso; dar um sorriso, receber um beijo; dar um beijo, receber uma lágrima; dar uma lágrima, receber um abraço; dar um abraço, receber uma mão…

É importante ter e ensinar valores, ter e estabelecer limites, desencantar tempo, estar disponível, não ter medo de dar, não ter medo de ser.

Lembro-me que, de todas as etapas da minha vida, as que fui mais feliz foi quando me entreguei sem ter medo de ser eu própria e dei tudo o que eu tinha para dar de coração.


4 comentários:

marilia disse...

O que me assusta de estar sempre em busca da felicidade é que não sei se eu fosse feliz do jeito que gostaria se eu ainda teria força pra lutar por outra coisa.
Por isso reservo momentos para ser mal-humorada, pra xingar e pra ser um pouquinho infeliz.

sum disse...

E faz muito bem Marília.Esses momentos também são os nossos momentos. :D

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

Querida Sum

Já li texto e gostei muito!

para quem anda sem inspiração, que faria se a tivesse?

Por hoje, não digo mais nada, por razões pessoais que entenderá.

Tudo na vida é transitório. A felicidade é só um estado de espirito que pode ou não durar mais ou menos tempo.

Acho que o estado de felicidade completa nunca o vivi, desistir de tentar, vou durando.

beijo

sum disse...

Obrigada Júlia,
Sempre a animar.

Eu acho que tive três grandes momentos de felicidade plena na minha vida.
Acho que vale a pena tentar sempre, desde que sejam respeitados os limites e os valores que regem a nossa existencia.
Beijo