segunda-feira, 30 de junho de 2008

Nada


E tudo acabou tal e qual como começou, do nada.

E do nada ficou o vazio.

O vazio que já lá estava antes de tudo acontecer.

Nada a acrescentar, nada a retirar.

Nada de tristeza, nada de alegria.

Nada de nada!

Só um vazio imenso.


sexta-feira, 27 de junho de 2008

Nem sei se me encontrei ou te perdi




Só fala em mim

"...O sol me reconforta e eu ando só
E sei que você anda por aí
Eu nunca mais te vi ao meu redor
Nem sei se me encontrei ou te perdi

Talvez eu siga sem você daqui pra frente
A vida tem caminhos muito desiguais
Disseram que você só fala em mim
Agora veja como a gente foi ficar

Não mandei você ir embora
Nem falei que podia me esquecer
Vou sorrir pra tristeza agora
Vou viver os meus dias sem você"
(Ana Carolina)


Tanta coisa


Tanta coisa que eu tenho na minha memória, tanta coisa a rodar na minha cabeça.

Tanta coisa boa e tanta coisa má.

Coisa má, não é de má, é de um bocadinho pior do que o bom, isto não significa ser mau, mas talvez menos bom, o que por si só não é propriamente o melhor que eu poderia ter.

Bem, a confusão já está instalada.

Mas é mesmo assim que estou hoje. Confusa e a precisar de aclarar as ideias.

Estou a precisar de organização, de ordenar as prioridades, de listar tarefas, eu sei lá do que é que eu preciso.

Enquanto tiver a cabeça ocupada com listas e prioridades talvez não pense nas coisas que tanto queria ter mas que não posso, ou não tenho, ou não sou, ou…

Este novo sentimento que apareceu na minha vida, há relativamente pouco tempo, é um tanto ou quanto estranho, diferente de tudo o que eu tenho sentido até então. É esquisito. Parece ser uma coisa que não é, ou é uma coisa que não parece. Tanto me sinto bem com, como acho que tudo está mal assim. Ora acho que é uma sensação fantástica, ora acho que é uma felicidade oca.

Às vezes convenço-me de que ainda posso arriscar, mas de repente olho para trás e tudo me parece um disparate. E é assim que tenho vivido. Quero avançar, cheia de coragem e animo e de repente caio num poço tão fundo que até dói só de pensar que o tenho de trepar. Melhor, sendo honesta comigo própria é mais, sinto-me nova e com força para arriscar, mas de repente olho-me e sinto-me ridícula só de ter pensado.

Tá, não vale bater no ceguinho. O que conta mesmo é o saldo final.

Este ano posso ter perdido muito, mas o facto é que também ganhei muito.

Foi um ano intenso em todos os sentidos de uma vida. Um ano de desordens, de trabalho, de grandes mudanças, de intensidade emocional, como não me lembro de nunca ter tido. Eu própria deixo-me levar com um certo prazer. No entanto a melancolia entranha-se-me nos poros quase todos os dias como que tentando chamar-me à razão. E eu nego, nego com todas as forças que tenho. Não quero voltar já.

Nunca critiquei a desordem, no entanto sempre me regi pela ordem, esta estranha mudança deu-se sem eu dar por isso... e eu... até gostei!

Se por um lado começo a sentir falta da pacatez do meu ser antigo, da minha razão, da minha sensatez, por outro já sinto a saudade nostálgica deste terramoto emocional.

Assim

"A ordem é o prazer da razão; mas a desordem é a delícia da imaginação."
(Paul Claudel)

É desta forma que esta frase cabe na minha vida, outra vez.

Como me decidir?

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Pensamento



A única verdade absoluta

"As pessoas quando pensam

fazem-no com o coração

é no trajecto p´ra cabeça

que se perde a informação"


(in O cheiro da sombra das flores, João Negreiros)

terça-feira, 24 de junho de 2008

Violinos no Telhado


E é assim que me sinto hoje.

Grande parte dos poemas deste blog têm tido esta caracteristica.

Como eu gostava de dizer as coisas assim... Nota-se alguma ponta de inveja?

É muito bonito como tantos outros já encontrados aqui.

Parece que foram escritos por uma alma vizinha, que mora bem na porta ao lado da minha.

Coisas da vida...


"IN MEMORIAM

Envolta em furtivo manto
a vida nos afastou.
Pouco a pouco, em desencanto
o encanto se tornou.
E assim, sem dor, sem pranto
a antiga fonte secou.


Tivesse eu sabido ao certo
qual o exacto momento
em que o mar se fez deserto
e o olhar se fez lamento!
Ah, tivesse eu descoberto,
antes de o mar se escoar,
o preciso movimento
que faz o tempo parar...
E teria dado ao tempo
outro tempo de sonhar!


Mas sei agora que é tarde.
Há preciosos segredos
que se apagam, sem saber
da memória que os não guarde
e nos escapam entre os dedos
para noutras mãos se prender..."

(Posted by ana v. em
Violinos no Telhado)

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Quem fui


No blogue de Ana Vidal, Porta do Vento , fui levada pela curiosidade e dei comigo também a cuscar, quem fui eu na minha outra vida .

E descobri que:

Para alem de 4… “años y 139 días”
também nasci
“en juevesen un frío día de Invierno
Desde que naciste han pasado: 15845 días

Desde que naciste han pasado: 520 meses
Desde que naciste han pasado: 2263 semanas
Cumplirás años de nuevo dentro de: 226 días
Tu signo en el horóscopo chino: Serpiente
Tu signo del zodíaco: Acuario
Tu planeta: Saturno y Uranus
Tu color: Azul noche
Tu piedra: Amatista
Tu número base de nacimiento: 9
El significado de tu número base: 9
Eres una persona destinada a una continua búsqueda de mejoras, y podrías llegar a ser un gran innovador a escala social. Posees una visión muy amplia que te permitirá completar incluso los grandes proyectos que tienes en mente.”

E ainda:

"Diagnóstico de su vida pasada:

No sé si le parecerá bien o no, pero usted era males en su última encarnación terrena. usted nació en algún lugar del territorio que hoy es Ártico en torno al año 750. Su profesión era artista, músico, poeta o danzante litúrgico.

Un breve perfil psicológico de su vida pasada: :Usted era persona práctica y con sentido común, un materialista sin conciencia espiritual. Su sabiduría elemental ayudó a los débiles y a los pobres.

La lección que su vida pasada le ha dado para la encarnación actual :Debe desarrollar su talento para el amor, la felicidad y el entusiasmo, y debe distribuir esos sentimientos a todos los demás.
¿Recuerda ahora?"


Por aqui fiquei. Emoções de mais para um dia só…

Mais um Domingo


Para não variar, e já começo a pensar que possa ser uma síndrome de “fim-de-semana a acabar” ou mesmo uma síndrome de “Domingo”, estou sem a mínima das inspirações.

Bem! Não sei bem se é falta de inspiração, falta de imaginação ou pouca vontade de voltar à realidade.

Não que faça muita força para escrever, não faço. Não tenho obrigação, nem tão pouco me sinto obrigada. Mas sinto, que de alguma forma me faz falta!

Como nada me apetecia, andei por aí a vaguear, à procura daquelas coisas que mexem connosco.

Ainda andei perdida na Blogosfera, durante largos minutos, já para não dizer uma hora.

Ouvi música, li as notícias, comecei a ler os blogues que tenho no FeedDemon, e foi aqui que me comecei a perder. Segui um, entrei noutro, procurei mais outro cujo nome me chamasse a atenção e fui por aí fora sem grandes demoras mas sem pressas.

E ups... O computador foi a baixo mesmo quando encontrei a frase que se riu para mim hoje.

Não tive tempo de a tirar. Mas dizia qualquer coisa como:


“As emoções são a base do espírito. Uma pessoa que não sabe chorar também nunca saberá rir”

O sentido era este. Quanto ao blogue… Ainda tentei reproduzir a procura e chegar lá, mas os meus poucos conhecimentos na matéria não me permitiram. Assim fica a minha fraca reprodução do pensamento de alguém que não sei quem é, mas que me fez “sorrir” hoje.

Esta frase fez-me lembrar uma outra frase de uma música da Mafalda Veiga, "Estrada", por sinal, mais uma com uma letra especial e cheia do sentido da vida:

“...e hoje sente, a vida é feita de sentir”


Depois daquele episódio meio estranho, recomecei a ler os meus blogues de eleição. E…

Ao entrar no Ofício Diário, tive um baque. Numa primeira e rápida leitura, achei por momentos que o Blogue iria acabar, mas depois do susto inicial, reli o post com a calma que lhe era devida, e cheguei à conclusão de que Torquato da luz só vai de férias.

Menos mal. Mas fiquei triste na mesma. Este é um dos Blogues que mais gosto. Mesmo que temporariamente, já me faz falta. Todos os dias passava por lá, e acho que vou continuar a passar (ler o que ficou para trás, reler o que chamou por mim e continuar a sonhar com o que me fez lá ir todos os dias - Amar. Amar a vida, o sitio onde vivemos, o que vivemos e como vivemos...). Mas que fazer! Todos nós precisamos e temos direito a descansar!
Boas Férias.


sexta-feira, 20 de junho de 2008

Sem palavras


E hoje era mesmo isto.


Encontrei-o no Da Inquietude

A hora é suave

"No ouro sem fim da tarde morta,
Na poeira do ouro sem lugar
da tarde que me passa à porta
para não parar,

No silêncio dourado ainda
dos arvoredos verde fim
recordo. Eras antiga e linda
e estás em mim...

Tua memória há sem que houvesses
teu gesto, sem que fosses alguém
como uma brisa me estremeces
e eu choro um bem...

Perdi-te. Não te tive. A hora
é suave para a minha dor.
Deixa meu ser que rememora
sentir o amor,

Ainda que amar seja um receio,
uma lembrança falsa e vã,
e a noite deste vago anseio
não tenha manhã."


(Fernando Pessoa)

Um grande beijnho Pedro

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Lua cheia


E porque hoje é noite de Lua Cheia e noite de lua cheia é noite magia









"Magia

Es el agua, es el viento
Es resumen de todo lo que siento
Es la arena, es el sentimiento
Es la tinta que no borra ni el silencio...
Es el aire de puntillas
Es la calma cogiendo carrerilla
Es el sabor de lo pequeño..... Es tocar un sueño...
Es el mapa de un suspiro
Es lo que hay cuando te miro
Es el duende del latido de tu corazon...

Magia es probar a volcar lo que hay en el fondo de ti
Magia es verte sonreir....
Magia es probar a saltar sin mirar
Es caer y volver a empezar...

Es el tiempo , es la hoguera
Es la mano que mece la marea
Es la tierra, es la bandera blanca
Es la gota de una lluvia de esperanza...
Es el mundo de puntillas
Es la vida cogiendo carrerilla
Es el sabor de lo pequeño.... Es tocar un sueño
.... Es el mapa de un suspiro
Es lo que hay cuando te miro
Es el duende del latido de tu corazon...

Magia es probar .........

Es el mapa de un suspiro
Es lo que hay cuando te miro
Es el duende del latido de tu corazon y el mio
Es la meta y el camino
Es la suerte y el destino

Es la fuerza del latido de tu corazon.............

Magia es probar ... "

(Cantado por Rosana)

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Smile



Há assim umas frases que me prendem.

Aqui vai uma:

"É bem mais fácil recebermos um sorriso, quando sorrimos para alguém."

Não sei de quem é. Mas se fosse possivel adopta-la...

São coisas tão básicas da vida!

São pormenores tão pequenos e que ajudam tanto no nosso dia-a-dia.



"A day without a laugh is a wasted day."

(Charles Chaplin)







"Smile

Smile though your heart is aching
Smile even though it’s breaking
When there are clouds in the sky, you’ll get by
If you smile through your fear and sorrow
Smile and maybe tomorrow
You’ll see the sun come shining through for you

Light up your face with gladness
Hide every trace of sadness
Although a tear may be ever so near
That’s the time you must keep on trying
Smile, what’s the use of crying?
You’ll find that life is still worthwhile
If you just smile

That’s the time you must keep on trying
Smile, what’s the use of crying?
You’ll find that life is still worthwhile
If you just smile "


(cantada por Michael Jackson)


E por fim


"Todas as pessoas do mundo sorriem no mesmo idioma"


(Morris Mandel)


segunda-feira, 16 de junho de 2008

O Segredo




“O segredo para se ter aquilo que se quer é querer aquilo que se tem”
(provérbio budista)



Sonhos verdes e azuis


Dou voltas e voltas e para conseguir apanhar a musica que gostaria de estar a ouvir agora. Qual será? Todas caem bem quando estamos bem, mas ainda assim deve existir por aí algures a música do agora e aqui.

E foi nestes pensamentos de música que me deixei dormir no embalo das ondas a bater na areia. Essa canção que oiço desde menina e que tanto me faz sonhar. Sonhos verdes e azuis como o mar de hoje.

Não sei quanto tempo estive a dormir, mas foi muito com certeza.

Acordei de mansinho com vozes de crianças ao fundo e com o vento a bater fresco sobre a pele quente e suada.

Com calma e dando tempo ao tempo, fui deixando a vontade voltar a entrar, bem devagarinho para não estragar o momento.

Que preguiça...

Abri os olhos e dei de frente com um ponto de vela na imensidão de um mar verde que se perde num céu azul sem fim a vista.





E foi então que começou a dar a musica




“I Guess That's Why They Call It The Blues

Don't wish it away
Don't look at it like it's forever
Between you and me
I could honestly say
That things can only get better

And while I'm away
Dust out the demons inside
And it won't be long
Before you and me run
To the place in our hearts
Where we hide

And I guess that's why
They call it the blues
Time on my hands
Could be time spent with you
Laughing like children
Living like lovers
Rolling like thunder under the covers
And I guess that's why
They call it the blues

Just stare into space
Picture my face in your hands
Live for each second
Without hesitation
And never forget I'm your man

Wait on me girl
Cry in the night if it helps
But more than ever I simply love you
More than I love life itself”

(Cantado por Elton John)

domingo, 15 de junho de 2008

Voltar


Voltei.
Voltei com um pé entrapado e outra vontade.
Oxalá dure.
A outra vontade, claro, porque o pé entrapado dispenso.
Voltei com um horizonte, lá muito longe mas bem desenhado.


Voltar é sempre um pau de dois bicos.
Por um lado significa acabar qualquer coisa diferente e geralmente boa, para chegar ao nosso louco quotidiano.
Por outro lado significa voltar ao nosso aconchego, à nossa realidade, com a oportunidade de poder recomeçar.
Para mim, voltar é sempre bom, mas sempre difícil.
Vá lá alguém entender…

sábado, 14 de junho de 2008

E porque hoje é dia de Fernando Pessoa II


Foi preciso crescer e viver tanto tempo para aprender que Fernando Pessoa fazia anos a 13 de Junho (merito para o Privilégio dos Caminhos). Mas não fica por aqui, o mais fantástico, foi a quantidade de pessoas que o festejaram neste dia e a maneira como o fizeram. Na minha, muito rápida, olhadela pelo mundo bloguista pareceu-me que não ficou de fora nenhum blog, pelo menos dos que consulto todos os dias, que não lhe tivesse feito uma referência e todas elas com algumas "palavrinhas" de sua autoria. Assim o mais extraordinário ainda foi a quantidade de coisas novas que pude aprender sobre Fernando Pessoa.

E como resposta ao desafio de Júlia Moura Lopes - Privilégio dos Caminhos, aqui fica também a minha contribuição e homenagem a este grande poeta.

Mais vale tarde que nunca.




Cartas de Amor

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


(Álvaro de Campos)

sexta-feira, 13 de junho de 2008

E porque hoje é dia de Fernando Pessoa




Poema do Menino Jesus

Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu tudo era falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque nem era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E que nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar para o chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que ele as criou, do que duvido." -
"Ele diz por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres."
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre.
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos dos muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?

Alberto Caeiro

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Férias


Depois de um dia de descanso, praia e sol, mergulhos e passeios fiquei preparada para novos sonhos, novas sensações, novos voos.

Que bom que é mergulhar e ouvir a nossa respiração, os nossos movimentos, os nossos pensamentos. Que bom que é sentir o nosso corpo leve e liberto.

Que bom que é olhar em volta e ver mar e céu, céu e mar. Ah! E Lua também.



Que bom que é, poder nadar, nadar, nadar, até deixar a cabeça vazia.

As pedras, essas ficaram em cada passo, em cada mergulho, em cada braçada. Sobrou a pele quente, arrepios de frio, coração limpo, alma renovada.

Assim, sim consegue-se ver bem com o coração, até porque:

"Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível para os olhos."

(Antoine de Saint-Exupéry)

terça-feira, 10 de junho de 2008

Semelhanças

Será de mim??






Será que me escapou alguma coisa?

Pois que gosto das duas, cada uma à sua maneira, e por razões bem diferentes...


"O valor das coisas não está
no tempo que elas duram,
mas na intensidade
com que acontecem.
Por isso existem
momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis
e pessoas incomparáveis."

(Fernando Pessoa )

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Imaginação


A ordem é o prazer da razão ; mas a desordem é a delicia da imaginação.
(Paul Claudel)

Que delícia de frase. Que prazer foi dar de caras com ela. (Obrigada Lourenço)

Esta é uma frase fantástica para introduzir um post de Ana Vidal, que amei.

Imaginação

Invento-te, sim. Quero-te ainda interrogação, ainda mistério, ainda e sempre desafio. Dispo-te as peles que usas, uma a uma, para vestir-te aquela que teci para ti. O meu olhar atravessa os muros que ergueste à tua volta, inúteis esconderijos a espicaçar-me a aventura da descoberta. Vejo-te à luminosa transparência da imaginação. Dou-te asas leves: voa! Dou-te olhos atentos: vê! Dou-te uma rota segura: a que te trará de volta um dia, ágil condor que atravessou montanhas e desertos para se encontrar e me encontrou, afinal.
(Ana Vidal)


Apesar de terem sido inspiradas no quadro que lhes está junto, estas palavras ganharam uma vida própria, outra vida que não aquela que se agarra à imagem que se lhes serviu de inspiração.

Foi brutal o impacto que teve em mim. Nem tão pouco terei palavras para explicar. Mas mesmo assim, quero tentar.

Foi como que um sonho que sempre viveu em mim em peças soltas, sem nunca o ter conseguido armar. É uma visão que não poderia efectivar porque não tinha maneira de a imaginar. Assim, não era propriamente um sonho, não era propriamente uma visão, era uma... era um ...

À medida que lia, à medida que as palavras davam forma à intensidade de um pensamento, sentimento, tão meu, tão eu, tão dentro de mim. Fiquei impressionada. Para qualquer comum dos mortais, parecem ser palavras banais que no seu conjunto formam umas frases bonitas. Mas para mim, teve o significado de um não sei o quê que viveu dentro de mim este tempo todo. E que me fez e faz correr atrás, mesmo sem eu saber do quê. E aqui está. Escarrapachado nestas palavras.

Não consegui explicar! Mas paciência, ficou a tentativa.Também não sei porquê, e também não vou perder muito tempo a pensar nisso agora. Mas, tudo isto fez-me lembrar esta música, e esta musica.



Ás vezes nada tem a ver com nada, e tudo tem a ver com tudo. É uma desordem!

And so it is...

domingo, 8 de junho de 2008

Fraquezas


E passou mais um Domingo.
E olha o que eu fui descobrir.
Grandes classicos, grandes momentos.
Passava aqui a noite inteira.


















e tantas mais...

Coincidências


Mais uma grande coincidência, nesta minha vida.

Há já uns dias que sentia o coração descompassado, descoordenado, a cabeça zonza, o estômago apertado. Até falei disso aqui. Pressentimentos…

Ontem, por razões que não consegui entender, a vida parou, dei-lhe um nome, dei-lhe uma cor e pelos vistos, no limite, dei-lhe um nome e a cor errada.

Pensei que fosse preocupação, mas a preocupação não bate assim. Pensei que fossem mudanças de humor ligadas a dias difíceis, mas também essas não batem assim.

Sim, algumas desilusões, mas nada que se justificasse tanta dor. A menos que…

E foi aqui que lhe dei um nome.

Comecei a ficar assustada.

Meu Deus, não podia ser! Estaria louca?

Não, não podia ser e ponto final. Nada até aqui tinha indicado tal coisa.

Porquê agora?

Mas com o avançar da noite, a coisa piorou em vez de atenuar. E foi aqui que lhe juntei a cor.

As dúvidas assaltaram-me. Aquilo que não podia ter acontecido, estava a acontecer. E o pior… Sem que eu tivesse dado por isso.

Com o espírito azucrinado e com a cabeça a mil, nem dormi direito. Só me perguntava… Como foi possível? Mais impossíveis na minha vida. Não vou aguentar.

Levantei-me com cabeça de melão oco e ainda bastante assustada.

A manha já ia alta e bem ao meu lado ouvi:

- Ontem no jantar que não foste…

A minha alma respirou de alívio. Reconheci imediatamente todo o meu sentir, reconheci os meus comportamentos, reconheci a minha longa e antiga história. Reconheci o conjunto de coincidências anteriores, tão iguais a esta.

Com esta eu posso bem.

Outra diferente desta, definitivamente, não iria aguentar.

Mas está tudo no limite. Tão no limite que por momentos até eu mesma acreditei, que aquele nome e aquela cor, poderiam ser a minha verdade.

sábado, 7 de junho de 2008

Hay,


Gostaria muito de saber o que se passa e o que anda nesta minha cabeça. Talvez seja esse o grande mistério da vida. E talvez seja mesmo o que nos faz agarrar a ela.


Gosto da frase que enviou, reconhecia-a em mim.


“Recomeça… se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.”

(Miguel Torga)

Todas as fases são uma fase e todas elas diferentes entre si. Umas mais, outras menos. Umas, conseguimos reconhecer alguns pontos, agarrar neles e compreender as situações, outras nem por isso.

Cada dia é um recomeço, cada hora um passo neste caminho da vida. Gostaria de os dar em liberdade, mas a liberdade que vejo nos meus passos, é tentar não sair dos meus valores, e assim conseguir viver em paz.

Ultimamente, tenho-me questionado sobre tudo isto. Liberdade de sentir que faço um percurso limpo ou liberdade de sentir que fiz o que me apetecia na altura. Saberia eu olhar-me no dia seguinte?

Insatisfeita mas satisfeita ou satisfeita mas insatisfeita? – eis a questão.

Como aquariana, dou por mim a querer ajudar, sim! Mas o pior é que na maior parte das vezes só desajudo.

Isso de não importar se temos ou não recompensas, no meu caso, é só da boca para fora. No meu intimo, não só quero recompensas como as espero. Mas, se as tenho não sei lidar com elas, sei que não sei receber, sei que não sei ter, sei que não sei ser, sei que não mereço – “Faz-me sentir estranha….”, é verdade.

Mas se não as tiver fico triste como as coisas tristes. Mais comigo do que com o que esperava. Porquê esperar qualquer coisa, se o que fizemos foi de coração! … Mas dou por mim a esperar, e esse facto não o posso negar, só posso tentar corrigir.

As vezes o que espero é tão pouco, só um simples obrigada, só um simples olhar cúmplice, só um pouco de atenção, as vezes simplesmente e só um abraço carinhoso. Um momento só meu, só para mim, uns segundos bastavam, mas teria de os sentir só muito meus. Egoísta?

Assim este meu “só” é muito, é tanto que é impossível alguém o conseguir dar.

“Só” fica assim perdido entre tristezas e lágrimas de quem não consegue estar “só”.


“Há pessoas que nos falam e nem as escutamos; há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam.Mas há pessoas que, simplesmente, aparecem em nossa vida e que marcam para sempre...”

(Cecília Meireles)


Nada me parece mais perfeito.

Realmente “Há pessoas que nos falam e nem as escutamos”, Realmente “Há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam” e realmente “Há pessoas que simplesmente aparecem em nossa vida e que marcam para sempre…”, seja por bem ou seja por mal.

“Chuva”, cantado por Marisa - Fado que tantas vezes e em tantas ocasiões pareceu e parece ser cantado só para mim e que tem tanto a ver com o que acima foi escrito.




“Chuva“

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder
Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera
Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade”

(Mariza/Chuva)

(Agora e aqui por razões bem diferentes, mas tão sentidas como da primeira. Perder qualquer coisa, é mau, perder o que se gosta é muito mau)

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Para Mim...





"And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes...

And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes...

Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?

I can't take my mind off of you
I can't take my mind...
My mind...my mind...
'Til I find somebody new"
(Damien Rise)

From Me to You


E porque hoje é finalmente 6ª Feira



"From Me to You

If there´s anything that you want
If there´s anything I can do

Just call on me and I'll send it along
With love from me to you

I got everything that you want
Like a heart that's oh, so true

Just call on me and I'll send it along
With love from me to you

I got arms that long to hold you
And keep you by my side
I got lips that long to kiss you
And keep you satisfied

If there´s anything that you want... "

(Cantado Por Bobby McFerrin)

(PS-Só conta a 1ª musica)

Mais um dia


Depois de um dia inteiro em casa a trabalhar, só mesmo um bom passeio a pé para pôr a cabeça em ordem.

Pois foi o que fiz.

De Ipod nos ouvidos, ténis e muita vontade, aí fui eu paredão fora.

O ventinho, o sol, o mar e aquela luz de fim de tarde, deram-me uma alma quase nova. E ainda bem porque estava a precisar, como de pão para a boca.

Que fase tão estranha esta.
Tão depressa o sol brilha como a lua desaparece.
Boa mas inquieta. Feliz mas insatisfeita. Bonita mas impaciente.
Não encontro o trocadilho certo, mas ela encontra-se algures entre todos estes.

Chorar sobre leite derramado, correr atrás do que não se consegue, tentar ser o que não se é, sonhar com o que não se chega, pedir impossíveis, não é para mim. O meu limite chega até onde a angustia e a ansiedade chegam. A partir daí tenho de sair fora. Não faz parte de mim ser intrinsecamente infeliz.

Sempre gostei de viver as pequenas coisas boas da vida. Sempre achei que “grão a grão enche a galinha papo”. Tirando partido de tudo quanto podia e conseguia. Foi o que sempre fui e gostaria de continuar a ser. No entanto sou uma eterna descontente e acima de tudo sou uma eterna medricas… Hoje mais do que ontem.

Sozinha não vou a lado nenhum, pela mão vou a qualquer lado.
Assim, haja quem goste de mim e me leve.

O que vivi este último ano, foi diferente daquilo que vivi em toda a minha vida. Tenho a nítida sensação que tudo o que tenho passado me vai ficar na caixinha das boas recordações. Que as coisas boas vão superar, de longe, as coisas más.

Ainda não acabou, espero que as coisas boas continuem a ser melhores e mais do que as coisas más. Espero continuar a ter amigos que me dêem o que me têm dado até aqui.

Um Ombro, Um abraço, Um Beijo e Um sorriso






“Si tu no estas aqui

No quiero estar sin ti
Si tu no estas aqui me sobra el aire
No quiero estar asi
Si tu no estás la gente se hace nadie.

Si tu no estas aqui no se
¿ Que diablos hago amandote ?
Si tu no estas aqui sabrás
Que Dios no va a entender por que te vas...

No quiero estar sin ti
Si tu no estas aqui me falta el sueño
No quiero andar asi
Latiendo un corazón de amor sin dueño.

Si tu no estas aqui no se
¿ Que diablos hago amandote ?
Si tu no estas aqui sabrás
Que Dios no va a entender por que te vas...

Derramaré mis sueños si algún día no te tengo.
Lo mas grande se hara lo mas pequeño
Pasearé en un cielo sin estrellas esta vez
Tratando de entender quien hizo
Un infierno el paraíso
No te vayas nunca porque.....

No puedo estar sin ti
Si tu no estás aqui me quema el aire.
Si tu no estás aqui no se...
¿ Que diablos hago amandote ?
Si tu no estas aqui sabrás
Que Dios no va a entender por que te vas...

Si tu no estas aqui no se...
¿ Que diablos hago amandote ?
Si tu no estas aqui sabrás.....
Que Dios no va a entender por que te vas..."

(Cantado por Rosana)


quarta-feira, 4 de junho de 2008

Coisas Boas (parte II)



Fotografia
“Hay” lembrou-me bem. Fotografia.
Fotografia, aquele hobby de que tanto gosto.
Apanhar momentos. Aqueles momentos. Recordar. Recordar aqueles momentos.
Fotografia é sem dúvida uma coisa boa.

Cantar
Cantar foi um escape grande. Belos tempos, aqueles. Grande coro. Grandes espectáculos.
Agora só no banho e por isso não fica incluído.

Sonhar
Sonhar é bom, é bom de mais. Por isso perigoso. Não consigo parar.
Não parar tem dois problemas. Um, o tempo. Dois, o descontrolo de sentimentos. Tento ir cada vez mais longe, no que quero, no que gostava, no que …
Já me estava a deixar ir.
Não este também não pode ser incluído. Passa rapidamente a nostalgias desnecessárias.

Já cá canta mais um. Já não falta tudo.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Pressentimentos


Ai! Aquela sensação de que algo está para acontecer, está de volta.
Já lá iam uns meses.
Um aperto na boca do estômago, um nervoso miudinho, um humor de cão de quem pressente mas não sabe o quê.
É de facto inquietante.
Haja musicas bonitas para fazer frente a estes momentos tão …




“As canções que você fez para mim

Hoje eu ouço as canções que você fez pra mim
Não sei por que razão tudo mudou assim
Ficaram as canções e você não ficou
Esqueceu de tanta coisa que um dia me falou
Tanta coisa que somente entre nós dois ficou
Eu acho que você já nem se lembra mais

É tão difícil olhar o mundo e ver
O que ainda existe
Pois sem você meu mundo é diferente
Minha alegria é triste

Quantas vezes você disse, que me amava tanto
Tantas vezes eu enxuguei o seu pranto
Agora eu choro só, sem ter você aqui

Esqueceu de tanta coisa que um dia me falou
Tanta coisa que somente entre nós dois ficou
Eu acho que você já nem se lembra mais

É tão difícil olhar o mundo e ver
O que ainda existe
Pois sem você meu mundo é diferente
Minha alegria é triste

Quantas vezes você disse que me amava tanto
Quantas vezes eu enxuguei o seu pranto
E agora eu choro só sem ter você aqui”

(cantado por Maria Bethânia – Letra de Erasmo Carlos)

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Coisas Boas


Fiquei de pensar em 10 coisas que me façam feliz, ou 10 coisas que eu goste de fazer.

Ou por outra, que sirvam de recompensa, quando uma tarefa é cumprida.

Não, não estou tontinha. Esta tarefa faz parte do meu processo de coaching.

Bem, mas como eu ia dizendo, se fosse à uns tempos atrás, esta lista teria sido fácil. Provavelmente até arranjaria mais de 10 coisas e cada uma melhor que cada qual.Hoje esta tarefa está-me a parecer muito difícil.

Assim temos, trabalhos manuais.
Trabalhos de mãos como pintura em tela, pintura de figuras em gesso, tapete de Arraiolos, colagens, arranjos de flores secas, costura, etc, não estão a dar o gozo que deveriam e davam, nem tão pouco tenho tido concentração para preparar ou estar num sítio sossegada para tal.

Cinema e filmes de TV.
Filmes? Nem a conseguir estar em frente da televisão quanto mais ver um filme. Tudo me faz arrepios. A sensibilidade está à flor da pele.

Novelas…
Nada me deu tanto gozo, e durante tanto tempo, como atirar-me para cima do sofá depois das lides quotidianas a ver a novelazinha, deixando que o sono me embalasse. Não pensar, descansar o corpo e a cabeça era o mote. Hoje, só de olhar fico enjoada. Não sei por quanto tempo, mas não me apetece mesmo desperdiçar o meu tempo a ver novelas por ora.

Música.
É uma hipótese fácil. Sou vendida por música. Sou vendida por um pezinho de dança, por um bom guincho, a tentar fazer karaoke. Adjudicado, Número 1 da lista. Encabeça a lista com todo o orgulho e prazer.

Dançar.
Bem pensado. Veio do encadeamento. Adoro dançar. Adoro sentir o agitar do corpo ao som da música. Coisa que geralmente só consigo de coração, ou melhor de corpo e alma, quando estou sozinha. É mais uma daquelas coisas fantásticas que posso fazer.

Ler.
Gosto de ler. Gosto de sentir o livro a pedir licença para entrar, gosto de sentir a resistência da minha imaginação. Mas gosto particularmente quando um livro me leva a melhor e entra por mim a dentro sem eu perceber. Sim gosto de ler, mas geralmente, nesta casa de “Família Italiana”, não há concentração suficiente.

Passear no paredão.
Para ser verdadeira, não é andar, não é passear o que me faz mover, apesar de sentir uma liberdade imensa, quando o chão começa a andar e o vento, a bater na cara, redobra. O que verdadeiramente me faz andar, é ver o mar. È precisar a sua força, é investigar os seus cantos, é perceber as suas cores, é espiar os seus convidados. É ver o céu azul a tocar no mar, assistir aos aviões a desaparecer no horizonte, o brilho do sol a pairar. Ver a espuma branca fluorescente deixar o seu rasto. É toda a intensidade que tudo isto transmite. Aprendi também, que andar é estar comigo mesma. Aprendi a pensar Eu, a sentir Eu, a respirar Eu, a tentar ser Eu.

Estar com alguém de quem eu goste e que, eu saiba e sinta, que gosta de mim(As incertezas dão-me insegurança).
Que bom que é. Às vezes só estar. Às vezes estar, falar e rir, às vezes só rir. Poder estar à vontade e não fazer cerimónia. Simplesmente estar!

Uhau, olhei para trás e afinal já cá vão algumas coisas boas.

Pelo menos já estão a sair.

Continuando.

Praia.
A praia, tem recordações demais. A areia, o sol, os banhos, as raquetes, o pôr-do-sol, o ventinho quente a refrescar a pele ao fim do dia, estar de baixo de água e sentir as ondas passar, ouvir o eco das baleias, ouvir o nosso próprio corpo. Apanhar conchas, andar até não ver ninguém.

Já cá cantam 6 coisas boas, faltam as outras quatro. Amanha há mais.

domingo, 1 de junho de 2008

Senhora D. Sabe Tudo(parte III)


Diário de um Mega Concerto

Isto de nos juntarmos aos mais novos tem o seu quê de interessante.

Ontem assisti ao concerto do Bon Jovi com duas amigas que viveram aquelas músicas. Aquelas músicas fazem parte do seu imaginário, com muita intensidade, com elas viveram as suas fantasias, com elas passaram os seus melhores momentos, com elas moram as suas recordações mais íntimas e mais fortes. Estar com elas, foi viver uma parte de toda esta emoção. Foi lindo.

O concerto foi um espectáculo, o pós concerto também foi muito bom. Estava tudo em êxtase, tudo cantava, tudo estava feliz, havia magia no ar, o frio transformou-se numa onda de calor imensa.

Claro que conhecia as músicas, claro que conhecia Bon Jovi, claro que não sabia que se chamava John Bon Jovi, claro que não sabia que Bon Jovi tinha olhos azuis, claro que não sabia que muitas musicas que eu já conhecia, eram dele.

Parece que ultimamente este sentimento de ignorância não me larga. Cada momento, cada situação me faz estar ciente de que "só sei que nada sei".

Mas, estava eu falando de concertos e de Bon Jovi, é de facto engraçado viver um bocado daquilo que foi parte da vida de alguém com muita intensidade. Essa intensidade e essa emoção, parece que passam como uma onda de energia. Volta e meia eu mesma me senti arrepiada, com a explosão de emotividade que me rodeava.

Gostei muito. E especialmente do pulsar que algumas musicas tiveram naquele publico, e em mim através deles.

Aqui estão algumas.

“Bed of Roses”



“I´ll be there for you”



“Thank You For Loving Me”