quinta-feira, 29 de maio de 2008

Senhora D. Sabe Tudo (parte II) – Clarice Lispector


Há coisas que caem na nossa vida, vindas do nada, e de repente parece que elas nos entram pela porta a dentro todos os dias.

No espaço de nem um mês ouvi falar, três vezes de Clarice Lispector.

É mais uma daquelas ignorâncias que só podia acontecer comigo!

Tem coisas bonitas. Ainda não conheço é nada, mas vou fazer por isso.

Aos poucos vou aprendendo.

Mais vale tarde que nunca


Vi-a (ou li pequenas frases dela) pela primeira vez em O Privilegio dos Caminhos de Júlia Moura Lopes neste post e gostei especialmente de algumas frases:

“ O que não sei dizer é mais importante do que o que eu digo”

“ Não pense que escrevo aqui o mais íntimo segredo pois há segredos que eu não conto nem a mim mesma.”

“ Ah, se eu pudesse te transmitir a lembrança, só agora viva, do que nós os dois já vivemos sem saber.”

“ Quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós”

“Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir…
Ou toca, ou não toca.”


Suponho eu agora, que o que li e entendi não deve ter sido “uma questão de inteligência e sim de sentir…”, tocou e tocou forte, assim depreendo que quem escreve assim não é gago e que por isso valerá a pena conhecer mais a sua obra.

E para acabar, aqui vão as últimas:

“...estou procurando, estou procurando. Estou tentando me entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda.”

“Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação.”

(Clarice Lispector)

terça-feira, 27 de maio de 2008

Senhora D. Sabe Tudo



E eu a achar que sabia tudo!


Escrevi neste meu post, que o Elton John era e é o meu cantor preferido.


Não disse, mas achava que tudo lhe conhecia. Qual não é o meu espanto quando, Huckleberry friend me disse que a musica que mais gostava dele, era esta .


Surpresa!!!!!! Não conhecia a musica de lado nenhum.

Ora, que nem de propósito, hoje li esta frase aqui

A doença do ignorante é ignorar a sua própria ignorância.
(Amos Bronson Alcott)


Estou doente…

Santa ignorância!






“I Need You to Turn To

You're not a ship to carry my life
You are NAILED to my love in many lonely nights.
I've strayed from the cottages and found myself here
For I need your love. Your love protects my fears.
(Chorus)
And I wonder sometimes, and I know I'm unkind,
But I need you to turn to when I act so blind.
Oh I need you to turn to when I lose control
You're my guardian angel who keeps out the cold.
Did you paint your smile on when I said I knew
That my reason for living was for loving you
We're related in feeling, but you're high above
You're pure and you're gentle, with the grace of a dove.”
(Elton John)

domingo, 25 de maio de 2008

Domingo


Escrever!

Hoje!

Naaaa…

Vê-se que é domingo, e aos domingos ninguém no seu prefeito juízo tem cabeça para escrever coisas decentes ou minimamente.

Hoje é dia de passeio, de música, de leitura, de conversa e de descanso.

Passeio ao lado do mar com a música a girar (girar!... de onde me veio esta palavra. De gira discos? Gira discos, musica a girar, disco de vinil a rodar, engraçado o conceito ainda cá está apesar destes anos todos. Ainda me lembro do meu primeiro gira discos, foi a minha mãe que mo deu de presente dos meus 15 anos)

Leitura do livro, que durante a semana ficou por ler, sentada numa cadeirinha virada para o sol.
Almoço e boa conversa, copinho de vinho e um sorriso. Finalmente sopas, descanso e blogs.

Escrever não cabe nestes domingos.

Ah! Mas cabe gamanços. Aqueles com os quais esbarramos e nos identificamos.

Li e tornei a ler um novo, no meu mundo blogosférico, Era uma vez… , que caiu no mesmo erro do que eu, para alem de ter alguns post, muitos mesmo, nos quais me reconheço. Dele tirei algumas inspirações futuras. Gostei daquele sol, gostei da sensibilidade.

Passei também pelo Ordem/Desordem.

Que desordem! Já tem tanta coisa nova...

Aqui a inspiração é outra. A leitura é feita através dos traços. Traços com estilo, traços com precisão de artista, numa visão que só um poeta da pintura pode ter.

Uma desordem! …
O que aparentemente é uma desordem, com um certo olhar profundo é detectada uma ordem.
Uma ordem
Tudo tem um lugar, o lugar certo do sentir do criador.

Já lhe vi vários estilos. Já lhe vi várias técnicas (se é que sei o que isso é). Não sei de qual goste mais. Há no entanto alguns que dentro da Desordem me orientam para o sentido da Ordem. Esses são os meus preferidos. E, sorte a minha que, os que eu tenho são uns deles. Este
e este. Mas este, este , este, este, este, e este são alguns dos que eu também gostaria de ter.

Muitos mais blogs novos foram vistos hoje, mas a minha capacidade de absorção e de … é limitada, diria mesmo que muito limitada. Assim fico-me por aqui hoje.

sábado, 24 de maio de 2008

Recordações


"Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive. "
(Fernando Pessoa)



Hoje para mim é dia de Elton John.

A voz e a música deste homem, põem-me a cabeça a andar à roda.

Cada uma tem uma história, cada uma tem um significado.

Momentos, pessoas, coisas, dias, verões, todos estes elementos ligados a mim através da sua música, através da sua voz, que foi deixando trás de si um rasto de luz e magia.

Muitas das histórias nada têm a ver com a letra das músicas. São simplesmente acordes que entram disparados no coração, que começa a bater descompassado, abrindo no labirinto da memória a gavetinha das recordações correspondentes.

E quantas…

As “minhas” músicas já cá estão, neste blog, há algum tempo, mas nunca é demais.
Junto mais algumas, ficando a falhar todas aquelas que cá não estão.

The last song
Something about the way you look tonight
Skyline Pigeon
Tonight
Friends
Daniel
Leavon
Tiny Dancer
Funeral for a Friend

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Perdi de vez


A ansiedade desapareceu como que por milagre. Hoje a sensação que trago é calma, não dói, não está em ferida, não dá falta de ar.

Um vazio, sim um grande vazio, uma saudade imensa, uma tristeza profunda, mas não dor, aquela dor que nos destrói e nos leva a alma, que nos tira a serenidade, a quietude, essa não tem lugar em mim hoje.

Facto consumado leva-nos a reagir. Será? Ou será que bem cá no fundo não perdi? Bem cá no fundo ganhei algo que há muito tinha perdido. O meu ser, o meu querer, o meu estar em mim, o meu EU. Sentimentos de substituição tão essenciais à nossa sobrevivência e que muitas vezes nós próprios não conseguimos aceitar.

É difícil assumir e admitir que a dor de perder, seja o que for, acaba por ser sempre menor do que a dor que antecipamos. São sentimentos que consideramos menos dignos de um ser humano, por serem egoístas e interesseiros.

Já senti esta acalmia uma vez. Talvez não tão livremente, desta vez posso admitir, sem vergonha e sem sentimentos de culpa.

(Quando se perde de vez uma coisa pode-se ganhar outras. Mas só e tão só quando se perde de vez. Até se perder de vez vai-se perdendo)

Não estou a conseguir. É complicado demais explicar. Mas está cá dentro e um dia sai, assim sem muitas explicações.

Até lá...




"E o caminho para a achar a perfeição e o amor, está dentro de nós.
Procure com a sua compreensão e descubra o que você já sabe. Use, ensine. Passe adiante. E aprenderás a voar"


"Be

Lost
On a painted sky
Where the clouds are hung
For the poet's eye
You may find him
If you may find him

There
On a distant shore
By the wings of dreams
Through an open door
You may know him
If you may

Be
As a page that aches for a word
Which speaks on a theme that is timeless
And the one God will make for your day
Sing
As a song in search of a voice that is silent
And the Sun God will make for your way

And we dance
To a whispered voice
Overheard by the soul
Undertook by the heart
And you may know it
If you may know it

While the sand
Would become the stone
Which begat the spark
Turned to living bone
Holy, Holy
Sanctus, sanctus

Be
As a page that aches for a word
Which speaks on a theme that is timeless
And the one God will make for your day
Sing
As a song in search of a voice that is silent
And the one God will make for your way "
(Cantado por Neil Diamond)



quinta-feira, 22 de maio de 2008

Pequenos Ódios, Pequenos Amores


Respondendo ao desafio de Júlia Moura Lopes do Privilégio dos Caminhos aqui ficam seis das pequenas grandes coisas que mais odeio nesta vida.

Com a grande ressalva de que estas não são as únicas. Todos os dias tenho mais algumas, umas novas, outras que me vou lembrando (requintes da minha malvadez):

Indiferença: odeio quando me fazem sentir invisível
Mentira: odeio ser enganada
Maldade: odeio sentir uma picada
Falta de humildade e humanidade
Desonestidade
Desamor

O sétimo para a transgressão das regras

Ódio: não gosto de sentir ódio, sinto-me pequenina e desorientada odeio que me façam sentir tal coisa.

Subscrevo ainda da Júlia:

Inveja
Má educação

E porque hoje eu quero gostar mais do que odiar, lanço, eu mesma à Júlia, o desafio da escolha de seis coisas que amamos por contrapartida a tanto ódio.

Sensibilidade: um amor sentido, um bom momento vivido,
Carinho: Um abraço precisado
Amor: Uma historia para contar
Humildade
Lealdade
Honestidade é o que chamo a mim no dia de hoje.

Para a transgressão das minhas próprias regras

Amizade: Uma boa companhia e uma boa conversa com um bom copo.

E assim cumpro com o desafio que me foi proposto e que de imediato aceitei.

Adoro um bom desafio, obrigada Júlia.

Só não tenho a quem passar, por isso e sem querer, quebro a corrente que me foi confiada.


terça-feira, 20 de maio de 2008

Que luz






E foi assim, com o olhar sobre um mar de mil cores, que esta luz me surgiu.


Gostar, gostar de gostar, gostar de viver, gostar de alguém, gostar! gostar…

Gostar significa, no meu dicionário de sinónimos, estimar, simpatizar, desejar, gozar, provar, saborear, possuir, desfrutar, aproveitar, apreciar, experimentar.

Pois é, gostar é uma luz que se abre no fundo de um túnel e nos faz caminhar. Gostar é vontade e vontade é querer.

"Bem Bom Viver"


É impressionante o que as pessoas esperam umas das outras.

Como podemos achar e querer coisas tão diferentes uns dos outros.

Como é que uma coisa que me faz feliz, pode não fazer o próximo feliz.

Há quem diga que esta é A característica engraçada das nossas vidas. Que lhe dá graça. Até concordo, no entanto não deixa de me fazer espécie e de olhar com uma certa desconfiança para quem diz que sente diferente de mim.

Pensado bem é-me difícil encontrar uma pessoa com algumas afinidades. Afinal sempre que olho para o lado há diferenças, nas maneiras de ser, de reagir, de dar e de receber e principalmente no que esperamos uns dos outros.

Dito por mim, e portanto um bocadinho suspeito, muitas vezes até esperamos ou queremos uns dos outros, aquilo que nós próprios não conseguimos, não queremos ou não sabemos dar. Isto é o cúmulo!

Perco-me nestas observações, às vezes mais tempo do que aquele que gostaria de dar. Mas, vale a pela, principalmente e quando chegamos à conclusão de que sendo tudo tão diferente só temos de ser o que nós próprios acreditamos e não fazer interpretações, juízos e muito menos filmes.

Alguém me disse um dia que viver o presente era a receita, a vida não cabe no passado e muito menos no futuro.

Pois esse alguém deve ter razão. Seria tudo muito mais simples e muito mais limpinho. Não haveria tristezas e alegrias, nem lágrimas, nem sorrisos, nem zangas nem reconciliações.

Mas… que graça teria a vida então?

domingo, 18 de maio de 2008

De mim para mim


De vez em quando é bom reler coisas que escrevi.

É importante também tentar relembrar o porquê de terem sido escritas.

Um dia escrevi no meu diário estas palavras porque precisava de desabafar algumas coisas.

Coisas essas que nunca tive coragem de dizer da boca para fora com medo de que não representassem o meu pensamento.

Precisavam de ser escritas, de ser construídas com cuidado porque geralmente não saem com o sentido que queremos à primeira e se assim for corremos o risco de magoar a quem só queremos fazer o bem.

E eu, sou perita nestas confusões.

Assim, um dia e para começar o que foi um verdadeiro “livro” da minha vida, escrevi:


Isto de escrever só para mim, tem as suas vantagens e desvantagens.

Vantagem:
Ninguém lê e por isso posso escrever as maiores alarvidades, atrocidades, enormidades, mentiras e verdades, quem sou e quem não sou, ficção ou realidade, como quero e como me apetece, com amor ou desamor, com raiva ou com paixão.
Ninguém, a não ser eu, pode criticar, comentar, apreciar, aprovar ou reprovar.

Posso construir os meus pensamentos, posso simplesmente despejar palavras, posso tentar dar o meu melhor ou o meu pior.
Posso conseguir dizer o que quero, ou não.

As falhas não são graves.

Desvantagem:
Não dá tanta pica, nem metade.
Tudo o que penso, já o penso, e dá uma trabalheira desgraçada tentar explicar por palavras, mas assim escrevo muito menos do que preciso e gostaria.
Depois não vejo se está correcto, se está mesmo espelhado o que é para dizer, não procuro melhorar.

Desta feita, vai ter de ser diferente, vou ter de fazer o meu melhor, vou ter de me explicar, vou ter de me compreender para me poder fazer entender.

Enfim, escrever vai ser um desafio. Talvez um desfio grande de mais para quem não sabe e não conhece os meandros das palavras, como eu.

Desafios são comigo mesma, ora vamos lá ver como me safo desta…

E aqui estou eu a escrever sem ser só para mim, ao fim de tantos anos a escrever de mim para mim.

Há um ano tudo isto seria impossível, juraria que nunca seria capaz de o fazer.

Pode ser que um dia, o meu verdadeiro livro saia.
Este é o sonho de um sonho lindo que uma vez eu tive.
Sonhado depois de ter lido um livro de Sophia de Mello Breyner.


“Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra”
(Carlos Drummond de Andrade)

Retirada do site de Ana Vidal, pareceu-me uma frase muito apropriada em todos os sentidos deste texto, deixando no ar o seu quê de misterioso que me motiva.

Ainda não encontrei a musica. Mas ela vai aparecer. Eu Sei.


sábado, 17 de maio de 2008

Desafio


Aqui
Amanhã quando te encontrar
Corro para os teus braços
E beijo-te sem pensar
Depois de olhos fechados
Digo-te o que sinto nas minhas mãos
E como sei que é contigo que quero estar
E a sorrir desapareço para junto das nuvens
Amanhã
Vou chamar por ti dentro de mim
E o relógio vai trazer-te à hora certa
E o sol vai estar lá a ver
Amanhã
Vou dizer-te que te amo sem falar
E vais saber que fui eu
Amanhã é hoje, vais ver.

(Eu Antes de Mim )

Quando me perguntaste porque tinha gostado dos teus últimos poemas eu fiquei a olhar para ti sem resposta. Não consegui responder à primeira.
Foi coisa que senti, não foi coisa em que pensei. Gostei. Tão só.

Olhaste para mim com curiosidade e alguma indignação no olhar e questionaste-te (me). Como? Porquê? Eles saíram-me sem que tivesse pensado ou esforçado, sendo assim, como é possível gostar de alguma coisa que não deu trabalho, que não foi minuciosamente trabalhada vista e revista.

A pergunta que atiraste para o ar, fez-me sentir burra. Fiquei tão sem resposta…

Não gosto quando me tiram do sentido de mim própria. Não gosto quando a minha emotividade me trai.

Aceitei o desafio. A minha cabeça ficou a trabalhar e hoje a olhar para o mar tive a resposta.

Tão simples.

Sabes porque os acho bonitos?

Porque estão escritos com o coração ou melhor, porque foram lidos com o coração e consegui ver neles a minha pulsação.

O coração é simples e pede coisas simples.

Tão simples como os sentimentos que nos assaltam todos os dias a qualquer hora. Tão simples como o que conseguimos ver quando olhamos para a frente. Tudo é simples quando não questionado (pobres de nós os humanos, que temos cabeça para pensar e para complicar o que é tão fácil, tão natural – Viver).

Assim o que senti, quando os li, está dentro de mim e não foi provavelmente o que sentiste quando os escreveste. Para mim, tão simplesmente gostei porque me fizeram lembrar as coisas simples que há na vida – Viver e Amar.

Não te vou perguntar se foi esta a tua razão, porque provavelmente não foi. A minha não é igual à tua, assim me ensinaste tu.

Quando as coisas são evidentes no coração a cabeça não pensa. Mas se formos obrigados a pensar até há respostas, é só preciso descobri-las na simplicidade da nossa existência.

Desafio cumprido.
Recompensa: Respirar e olhar o mar


quarta-feira, 14 de maio de 2008

Picos de Rosas


Hoje senti um sei lá o quê que doeu que eu sei lá.

As palavras podem fazer doer. Podem até matar.

Matar, não de matar mas de matar do coração.

Há assim umas palavras que entram disparadas e se espetam no coração como lanças.

Entram, dilaceram e deixam-nos sem forças.

O corpo ressente-se e estremece e os olhos enchem-se de lágrimas que saltam descontroladas.

Um arrepio descontrolado sobe pelo corpo, prende a respiração e desce pelos braços abaixo, deixando os pêlos todos eriçados e um frio na alma grande demais.

A vida tem destas coisas. Um dia rosas outro dia os picos das rosas.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Eu sou mesmo assim


Deve ser assim, porque é assim que as coisas têm de acontecer.

Ontem estive a navegar pela blogosfera e encontrei um post que é a minha cara.

Guardei-o, só para mim, na esperança de o poder aplicar assim que me fosse oportuno.

Cá está, não foi preciso guarda-lo por muito tempo. Aplica-se que nem uma luva. Eu sou mesmo assim:

"Procuramos por toda a parte o que está para lá das coisas, e o que encontramos são apenas coisas."


(Novalis) Fragmentos São Sementes (tradução de João Barrento)

Encontrei no Abencerragem e foi postado por RAA
.

Estas são as palavras com que respondo a um meme que me passou a Júlia Moura Lopes de O Privilégio dos Caminhos . São-nos pedidas seis palavras para uma “muito curta” biografia (há quem opte por um conceito) e podemos dar-lhes ênfase com uma imagem. Devemos colocar um link para quem nos desafiou e por nossa vez desafiar cinco blogues, avisando-os deste mesmo convite.


Gostaria de não quebrar este desafio, principalmente por ser o primeiro onde entro oficialmente convidada. Mas não tenho a quem o passar. Ainda!…

São muitos os blogs que vejo e poucos os que conheço pare lhes poder pedir. Sendo que os poucos que conheço já estão convidados ou já responderam ao desafio.

No entando os meus convites iriam sem dúvida e sem contar com os que acima referi para:

- RAA do Abencerragem (que me deu este pequeno presente sem saber)

- Torquato da Luz do OFÍCIO DIÁRIO (que tem poemas lindos, poemas que me enchem a alma)

- Sofia de O Meu Cais (Que tem muitos post com os quais me identifico. Sensibilidade própria do seu estado de Graça, estado este que preencheu os melhores meses de toda a minha vida, por três vezes)

- Huckleberry Friend do Codornizes (Porque gosto do seu blog)

- Mad do Juro que tenho mais que fazer… (pela curiosidade de ver a sua resposta, alegre e divertida)

sábado, 10 de maio de 2008

Gostoso Demais


E esta a minha canção de hoje.
Encontrei-a no Meu Cais.







"Gostoso Demais
Tô com saudade de tu, meu desejo
Tô com saudade do beijo e do mel
Do teu olhar carinhoso
Do teu abraço gostoso
De passear no teu céu

É tão difícil ficar sem você
O teu amor é gostoso demais
Teu cheiro me dá prazer
Quando estou com você
Estou nos braços da paz

Pensamento viaja
E vai buscar meu bem-querer
Não posso ser feliz, assim
Tem dó de mim
O que é que eu posso fazer
"

(Cantado por Maria Bethânia)

Canções e Momentos


Encontrei a musica para este post.
Perfeito…
Sempre acreditei que cada momento tem a sua canção.
Afinal existe “quem de profissão faça tal casamento”

Milton Nascimento - Canções e Momentos (1988)



“Canções e Momentos
Há canções e há momentos
Eu não sei como explicar
Em que a voz é um instrumento
Que eu não posso controlar
Ela vai ao infinito
Ela amarra todos nós
E é um só sentimento
Na plateia e na voz
Há canções e há momentos
Em que a voz vem da raiz
Eu não sei se quando triste
Ou se quando sou feliz
Eu só sei que há momentos
Que se casa com canção
De fazer tal casamento
Vive a minha profissão “
(cantado por Milton Nascimento)

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Don´t worry about a thing


E porque hoje é quinta feira




"Three little birds
Don´t worry about a thing
cause every little thing is gonna be alright
don´t worry about a thing
every little thing is gonna be alright
Rise up this morning
smiled with the rising sun
three little birds
pitch by my door step
singing sweet songs
of melodies pure and true
saying, this is my message to you:
don´t worry about a thing
cause every little thing is gonna be alright
don´t worry about a thing
every little thing is gonna be alright..."

(Cantado por Gilberto Gil)

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Sinto


Sinto-me insegura e pequenina e de certa forma ameaçada.

Sinto porque sinto o meu instinto a dar sinal de alerta. Sinto porque sinto que me expus e isso deixou-me em desvantagem. Não medi as minhas palavras, nem os meus gestos, nem as minhas atitudes, nem os meus sentimentos.

Num gesto de dar o que tinha, para conquistar o que eu desejava, perdi o que precisava.

E foi neste espírito que li o este poema de Torquato da Luz.

"Assombro
Vou pousar a cabeça no teu ombro
até que a dor me passe e venha o dia
de descobrir de novo aquele assombro
com que, ao ver-te, o olhar se me tolhia.
O dia que, entre os dias, seja o dia
de sentir que o mistério do teu ombro
me deu de volta o mundo em que vivia
num tempo que era feito do assombro
com que o sonho dá corda à fantasia. "
(Torquato da Luz)


O momento ficou completo, quando ouvi Maria Bethânia “Seu jeito de Amar -Negue”

http://br.youtube.com/watch?v=Q5uKZDlW6SM

Nada tem a ver com nada, e tudo tem tudo a ver.

“Seu jeito de Amar
Não domino mais o meu coração
Já não sou mais o dono de mim.
Perto de você tenho a sensação que estou preso e não quero fugir
Não posso conter a minha paixão, quando sinto você me tocar
Não sei controlar minhas emoções
Eu adoro o seu jeito de amar
Eu gosto demais de tudo que você faz
Em tudo eu sou seu fã
Eu gosto do seu jeito de sentir prazer
Eu gosto demais do modo que me seduz
Do jeito que me possui
Por isso é que não posso viver sem você

Negue
Negue seu amor, o seu carinho
Diga que você já me esqueceu
Pise machucando com jeitinho
Este coração que ainda é seu

Diga que meu pranto é covardia
Mas não se esqueça
Que você foi meu um dia

Diga que já não me quer
Negue que me pertenceu
Que eu mostro a boca molhada
Ainda marcada pelo beijo seu”
(Cantado por Maria Bethânia)

Valor, Contexto e Arte


Este post chamou-me a atenção.

Achei a maior das graças. Eu seria de certeza uma das pessoas que passaria sem olhar e sem prestar atenção à música, ao violino ou mesmo ao senhor artista.

Sou das pessoas que conheço, a mais observadora dos sentimentos humanos. Mas no que diz respeito a situações e outras coisas que tais não tenho a mais pequena capacidade de observação ou de captação e retenção de pormenores. Não decoro uma marca, uma matrícula, um corte de cabelo, a cor da camisola que a colega da frente trazia, a história contada, a conversa falada, a rua apontada, a placa da entrada, enfim, nada.

E como tal, esta situação passar-me-ia completamente ao lado, a menos que o senhor irradiasse algum tipo de sentimento ou comportamento que me chamasse a atenção.

Em Londres, quantas e quantas vezes me sentei no chão, em pleno “Covent Garden” a olhar alguns “cromos” que, com toda a convicção mostravam os seus dotes. E Eu olhava e tentava imaginar qual a motivação, quais os sentimentos que os levavam a fazer aquelas coisas. Sentia as suas tristezas, as suas alegrias, as suas euforias, enfim tentava avaliar os seus comportamentos através dos seus sentimentos. Enfim, EU…

Contra tudo aquilo que eu gostaria de ser. Esta é sem duvida uma parte de mim.

Valor, Contexto e Arte

RECEBI ESTE MAIL E ACHEI MUITO INTERESSANTE... PF LEIAM...

Durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes.
Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas, num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.

Alguns dias antes Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares.

A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, telemovel no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino.

A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre "Valor, Contexto e Arte".

A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.

(Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo, sem etiqueta de marca.)"

O video da experiência



Publicada por RICARDO

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Parei


Parei.

Não sei mais para onde me virar.

Começo a sentir-me encurralada e angustiada.

Choro, esperneio, mas não tenho coragem de chamar alguém para me acudir nesta minha dor sem ferida, nesta minha solidão de quem não tem nada do que se queixar.

Nem eu mesma sei, como é possível ter tanta falta do que não se sabe, do que não se é, do que não se tem.

Este tudo e nada, desespera-me, magoa-me, maltrata-me. Este tudo e nada revolta-me.

Estou sem rumo, sem norte, sem rei nem rock, sem chão, sem telhado. E não saber quem sou e para onde vou deixa-me vazia, sem nada para dar.

De repente parece que tudo se está a desmoronar, parece que todas as coisas boas estão a desaparecer, como que por magia. Não sei onde começou, nem como começou. Também não sei onde vai parar, mas também sei que vai.

Começo a achar que a minha vida é feita de ilusões, montadas pela minha imaginação, e onde cada engrenagem é construída em cima de sonhos e fantasias que eu queria tanto que fossem reais.

Hoje assim. Amanha…

Neste meu jardim cada arvore é um sonho e cada fruto uma lágrima, cada semente uma esperança, cada flor um raio de luz que me ilumina o caminho.

A vida que temos


Temos, todos que vivemos,

uma vida que é vivida
e outra vida que é pensada,
e a única vida que temos
é essa que é dividida
entre a verdadeira e a errada.
(Fernando Pessoa)

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Um livro prendeu-me


Ontem fiquei presa em casa.

Um livro prendeu-me.

É tão raro acontecer.

Quando acordei, lembrei-me que me tinham emprestado um livro, que eu deveria ler por razões várias.

Depois de mo emprestarem já eu li alguns 3 livros. É a preguiça que às vezes me dá quando me tentam impingir um livro, como obrigatório ler para se ser politicamente correcto.

Então olhei para o livro que tinha acabado de ler na noite anterior ainda com uma certa nostalgia, pedi-lhe desculpa de não fazer o luto necessário e tirei do monte dos livros ainda por ler, o que estava por baixo de todos.

Comecei a ler pela manha, ainda deitada e mal acabada de acordar e, como que não sei porquê, entrei na história de cabeça. Fui com o livro para a mesa do pequeno-almoço, coisa proibida nesta casa por ser local de obrigatório convívio familiar (não televisão, não telemóvel, não telefone, não revistas, não livros, não jogos, só nós e as nossas conversas de mau feitio de fome e de sono), continuei de livro na mão pelas minhas tarefas fora. De seguida e já fresquinha e cheirosa, parti para a espreguiçadeira da varanda, o sol a bater estava um mimo. Acabei no sofá verde à hora tardia do jantar.

Foi diferente e a surpresa do que encontrei encantou-me. Não estava à espera. Sei que sou básica, senti-me atraída pela história e deixei-me levar. Adorei ter ficado presa em casa.

“A morte de uma Senhora” de Theresa Schedel


Caderninho roubado


Parece que estou outra vez em maré de gamanço.

Este post, roubadíssimo no Abencerragem, deteve a minha especial atenção.

Fez-me lembrar automaticamente dois amigos, a quem, como é obvio, enviei o link.

Caderninho
O poeta representa a imaginação por meio de imagens da vida e das situações e personagens humanos, põe-nas em movimento e deixa a cargo do leitor a tarefa de permitir que essas imagens ocupem os seus pensamentos, na medida em que os seus poderes mentais lho permitem. Por isso é capaz de dotar os homens das mais diversas capacidades, quer se trate de tolos, quer de sábios. O filósofo, por outro lado, representa não a vida em si mesma mas os pensamentos acabados que dela abstraiu e exige ao leitor que pense precisamente como ele e precisamente tanto como ele. Por isso o seu público é tão pequeno. O poeta poderá, desta forma, ser comparado a alguém que oferece flores; o filósofo com alguém que oferece a essência delas.
Arthur Schopenhauer
«Aforismos», de Parerga e Paralipomena (tradução de Alexandra Tavares)

posted by RAA

A um, porque uma vez me disse que escrevia o que via dentro da sua cabeça (mais ou menos assim, mas com muito mais sal) e que deixava ao nosso critério o que poderíamos entender. E este post fez o quadro exacto do que ficou daquelas palavras na minha cabeça.

A outro, porque a descrição de poeta me fez lembrar a sensibilidade das suas palavras e a capacidade de entendimento das minhas meias palavras e ainda, porque no outro dia as suas palavras caíram que nem flores nas minhas mãos.

quinta-feira, 1 de maio de 2008






Existem fins de tarde encarnados, fins de tarde cor de laranja e fins de tarde dourados.

Ainda não consegui perceber de qual deles gosto mais.

Todos eles trazem um sonho, todos eles dão uma alegria, todos eles têm um encanto especial.

Hora mágica, hora premium, hora de um belo copo na mão, hora de olhos postos no infinito, hora de conversas improváveis, hora de companhias ideais, de fantasia reais.


Cada pôr-do-sol é um pôr-do-sol e por cada pôr-do-sol um nascer do sol. Cada um, uma energia. Cada um, uma força, uma vontade própria.


Hoje o pôr-do-sol foi lindo, foi dourado. O copo… Esse ficou de lado. A música acompanhou mas a companhia falhou. O sonho por cá passou e a vontade disse-me que este foi um e que outros ainda melhores virão.