segunda-feira, 31 de março de 2008

Um Dia


Um dia

De súbito, entre a sombria
roda dos dias iguais,
às vezes sucede um dia
que se distingue dos mais.
É um dia raro, feito
à medida do teu peito,
onde o meu busca repouso.
Um dia claro, luminoso
e sobre todos perfeito.
Um dia contra o cinzento
correr dos dias iguais,
no qual me invento e te invento
para sermos o momento
que não findará jamais.

(Torquato da Luz)

posted by Torquato da Luz Sexta-feira, Março 28, 2008


Gosto tanto destes dias "claros, luminosos e diferentes", fazem-me feliz. Gosto..."Um dia" acertou em cheio no dia .

domingo, 30 de março de 2008

Decisões


Tomar decisões sérias e que implicam com os nossos sentimentos, leva o seu tempo, consome-nos e tira-nos anos de vida.

As decisões de que falo são as que nos magoam, só de pensar. São consequentes de situações que se arrastam por vezes durante anos. Andam para trás e para a frente e não as conseguimos deixar de uma vez. Um dia é sim, outro dia é não, mas sabemos de antemão que nada, nem ninguém, nem mesmo toda a nossa vontade, vai mudar o rumo do que tem, inevitavelmente, de acontecer. Estas situações fazem-nos sofrer, fazem-nos tentar mudar, fazem-nos deixar de ser quem somos e consequentemente deixar de ter uma vida.

Faço um paralelo com a minha decisão de deixar de fumar.

Foram anos a pensar no assunto.

Tenho de deixar de fumar.

Naaaa... Nunca vou conseguir! São quase 30 anos de vício, um vício que eu adoro, que me sabe pela vida, quando acabo uma refeição, quando tomo um café, quando converso com um amigo.

Tenho de deixar de fumar.

Fumar faz mal, tem consequências irreversíveis, para além de deixar o cabelo baço e a pele sem brilho, as unhas fracas e de alterar o paladar. Mas como vou conseguir? É preciso ser forte, já não se aguenta o hálito, o cheiro a fumo frio que fica na casa, na roupa, no cabelo.

Tenho de deixar de fumar.

Humm!… Eu gosto tanto, vai ser impossível, posso sempre reduzir, tentar fumar só 10 por dia.

Tenho mesmo de deixar de fumar.

Já está provado que não faz bem, provoca uma série de maleitas que não vêm nada a calhar. Sim, é verdade mas se deixar de fumar o que faço com as mãos? Sempre as mãos. Nunca sei o que fazer com elas. O que me acalma, quando estiver nervosa? O que vou buscar à carteira quando tento disfarçar de alguma coisa? Como paro o meu raciocínio? Como me consigo concentrar? Que se lixe, amanha logo deixo.

E assim se passaram anos. Até que um dia, de mim para mim disse: - Deixo de fumar daqui a 3 dias.

Chorei durante os três dias inteirinhos. E no dia em que deixei de fumar, senti que um mundo inteiro se abriu à minha volta. Até as mãos arranjaram uma ocupação.

Conclusão, foram anos de agonia disfarçada. Anos a saber que deixar de fumar era a única decisão acertada e inevitável. Mas que dor!...

Até ao dia, o grande dia. O dia em que senti orgulho de mim, da minha decisão.

O dia em que toda a minha vontade minimizou a dor do meu pensamento.

Foi preciso muito jogo de cintura, e algumas dicas preciosas.

De todos os bons conselhos que tive, o que mais me ajudou e o que levei mais a sério foi, “As grandes decisões, precisam de grandes mudanças de hábitos”.

Assim, mudei de lado na cama, alterei toda a minha rotina matinal, até o menu do pequeno-almoço. Alterei o percurso da ida para trabalho, as musicas que ouvia, mudei de champoo, de pasta de dentes, de sabonete (os cheiros). Mudei as rotinas. Deixei de beber café.

Mudei um sem número de coisas que me faziam lembrar outro sem número de coisas.

Esta solução ajudou-me de três maneiras, ocupou-me o tempo, a tentar arranjar novos caminhos, abriu-me novas portas, deu-me oportunidade de ver outras coisas, e ao sair da rotina deixei de ter pensamentos habituais.

Aprendi que quando se fecha uma porta logo de seguida se abre outra e mais outra e mais outra. Os horizontes alargam-se. Parece que há um mundo inteiro à nossa espera.

Quando se decide de coração ele abre-se para o mundo.

Morrer um bocadinho


É difícil de entender alguns comportamentos humanos.

Com quem conheço e gosto, sou geralmente comunicativa e muito expansiva. Tenho algumas dificuldades em gerir comportamentos cerimoniosos e desprovidos de qualquer calor humano, principalmente vindos de quem não estou minimamente à espera.

Fico completamente à toa. Sem chão. Fico triste e com sentimentos de culpa, sem ter, efectivamente, culpa nenhuma. Deixo de ser eu e começo a ter comportamentos também eles cerimoniosos e desprovidos de calor humano.

Sensação de perda, um vazio imenso. E dar a volta a este imbróglio “é um ver se te avias”.

Geralmente não tenho auto-estima suficiente para dar a outra face.

Estarei a fazer uma tempestade num copo de água?

“quem não se sente não é filho de boa gente”!...

Pois bem, estou assim com este estado de alma enfraquecido há umas horas. Só agora, consigo deixar a angústia um bocadinho de lado, para tentar discernir o que efectivamente se passou e tentar desdramatizar a situação. Mas ela ficou, foi real, por alguma razão, mas foi real. Feriu, e feridas não saram de uma hora para a outra, sendo que as cicatrizes ficam sempre.
Instala-se a cerimónia pelo medo de voltar a sentir o mesmo.
Perde-se a confiança.
Há um afastamento e, a pouco e pouco, a relação acaba.
As razões e as relações ficam para sempre noutra dimensão.
Voltar a acreditar não é impossível, mas não é de todo em todo fácil.

Ainda falta a melhor parte, quando nos sentimos culpadas por não ter coragem de ir ter com quem de direito e tentar remediar a situação de imediato. Aquilo a que chamo “pedir satisfações” que, como o próprio nome indica é uma coisa horrorosa de se fazer e que me custa em demasia. Às vezes saio de mim e até faço, se sentir que é por uma muito boa causa.

Mas, o improvável acontece, a sensação mantém-se. O que era não volta a ser.

Este é o saldo de um comportamento cerimonioso e desprovido de calor humano.

Aposto que se as pessoas soubessem o quanto magoam com este tipo de atitudes, provavelmente, não as teriam.
Gosto de pensar assim, faz-me sentir um bocadinho mais crente, faz-me ter esperança e acreditar que tudo não passou de um mal entendido que se resolve.

Mas desta vez sei que não vou. Já não consigo acreditar. Já não tenho forças para tentar mais uma vez, remediar o que já não tem qualquer remédio. Por muito que me custe assumir, esta era mesmo uma amizade improvável. Uma amizade em que acreditei piamente e que me foi devolvida, desde o seu início, com outro sentido.

Todos os meus amigos são preciosos, deixar qualquer um que seja pelo caminho é para mim, morrer um bocadinho.


sábado, 29 de março de 2008

“Sucessão Inevitável de Acontecimentos”


A cada dia que passa mais me convenço que as coisas não acontecem por acaso.


E mais… Assim como cada pessoa tem um rumo, assim como cada pessoa tem uma música só dela, uma cor, uma flor, um espaço, um lugar, um momento.

Não lhe chamo de destino porque é uma palavra muito forte. Mas gostei da definição desta palavra na Wikipédia. “Destino - é concebido como uma sucessão inevitável de acontecimentos provocados ou desconhecidos.”

Esta “sucessão inevitável de acontecimentos” soa bem. Tem um gostinho especial e um tanto ou quanto misterioso.

Mas voltando ao que me faz escrever hoje. Para além de cada pessoa ter uma música só dela, cada “acontecimento inevitável” tem uma música associada, assim temos pelo menos 2 músicas na nossa vida. Uma, a nossa, outra, a do acontecimento. O mesmo acontece com os lugares, com as cores, com espaços, com os momentos, com as flores.

E nós vivemos de todas estas pequenas jóias deixadas como recordação e que fazem da nossa vida uma vida diferente a cada hora.

Eu já tenho uma colecção tão grande destas pequenas recordações, que já não sei onde posso encaixar mais algumas. No entanto, facto muito importante a registar, um bom coleccionador nunca está satisfeito com a sua colecção. Quem mais tem mais quer. E eu Quero.

Pedras no Caminho?Guardo-as todas, um dia vou construir um castelo…”



sexta-feira, 28 de março de 2008

Vida


O prometido é o devido.


Este poema, foi-me dado a conhecer por alguém que respeito e gosto muito.
Por alguém, que me conhece e que me sente, que sabe o que sou e o que gosto.

E deste, definitivamente gosto.

“Posso ter defeitos, viver
Ansioso e ficar irritado algumas
Vezes, mas não me esqueço
De que a minha vida é a maior
Empresa do mundo, e posso
Evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale
A pena viver apesar de todos
Os desafios, incompreensões e
Períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima
Dos problemas e tornar-se num
Autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si,
Mas ser capaz de encontrar um
Oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada
Manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos
Próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um
“não”.
É ter segurança para receber
Uma critica,
Mesmo que injusta.
Pedras no Caminho?
Guardo-as todas, um dia vou construir um castelo…”

(Autor Desconhecido)

Tenho ainda muito para aprender… Pedras, sempre as pedras… Obrigada Cláudia

Cúmplices?


“Cúmplices
A noite vem às vezes tão perdida
E quase nada parece bater certo
Há qualquer coisa em nós inquieta e ferida
E tudo que era fundo fica perto

Nem sempre o chão da alma é seguro
Nem sempre o tempo cura qualquer dor
E o sabor a fim do mar que vem do escuro
É tantas vezes o que resta do calor

Se eu fosse a tua pele
Se tu fosses o meu caminho
Se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho

Trocamos as palavras mais escondidas
Que só a noite arranca sem doer
Seremos cúmplices o resto da vida
Ou talvez só até amanhecer

Fica tão fácil entregar a alma
A quem nos traga um sopro do deserto
Olhar onde a distância nunca acalma
Esperando o que vier de peito aberto”

(Mafalda Veiga)




A letra desta música faz-me lembrar um momento da minha vida.

Aliás, quase todas as letras da Mafalda Veiga, têm pelo menos uma parte com que nos conseguimos identificar.

Apesar de não amar a voz e a maneira de cantar da rapariga, que até é muito simpática e afinada, acho que tem uns poemas lindos e algumas musicas muito bem conseguidas, excelentes mesmo.

A música que está em cima, tem umas quantas quadras que eu trocava e, nitidamente reconhecia-a como uma passagem da minha vida.

Passo à acção:

“Trocamos as palavras mais escondidas
que só a noite arranca sem doer
Seremos cúmplices o resto da vida
Ou talvez só até amanhecer

Fica tão fácil entregar a alma
A quem nos traga um sopro do deserto
Olhar onde a distância nunca acalma
Esperando o que vier de peito aberto”

“Nem sempre o chão da alma é seguro
Nem sempre o tempo cura qualquer dor
E o sabor a fim do mar que vem do escuro
É tantas vezes o que resta do calor”

“A noite vem às vezes tão perdida
E quase nada parece bater certo
Há qualquer coisa em nós inquieta e ferida
E tudo que era fundo fica perto.”

E pronto, está feito o retalho. (esfregando as mãos em ar de contentamento? – Que grande feito este, espero que ninguém se lembre de te bater à porta a pedir explicações da grande M… que andas a fazer…)

E para mais, a música ligada a este momento, nem é esta. É mais a que vem a seguir.

O que quer dizer que, há letras, há musicas e letras, há um autor, há uma voz, há mais coisas ligadas aos momentos do que só aquelas que estão visíveis e perceptíveis.




“Cada Lugar Teu

Sei de cor cada lugar teu
atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa
guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim protege o que eu te dou
Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar

Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar
tudo o que eu te dei

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só

Eu Vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar”

(Mafalda Veiga)

quarta-feira, 26 de março de 2008

Pressentimentos


Tive o dia inteiro com a sensação de que alguém queria falar comigo. Parece que oiço uma voz a chamar por mim. Por vezes chego a levantar a cabeça para ver quem é, mas não há ninguém.

Hoje foi mais forte do que o costume.

São coisas esquisitas que por vezes me acontecem e que eu não sei explicar porquê, como e de onde surgem.

Este tipo de sensação, até agora nunca passou de um pressentimento. Pelo menos nunca se chegou a concretizar em tempo útil do sentir.

Já ouve outras situações que passaram do pressentimento para a realidade. Quando se tem a sensação de que se viu alguém que não era e, no minuto a seguir esse alguém aparece na nossa frente.

E aquelas sensações de “dejá vu”? Estas então, chegam a ser surreais só de as pensar quanto mais de as descrever. E tantas!...

Haveriam de pensar que eu sou louquinha da minha cabeça.

Pois que, garanto que não sou.

Sou até bem saudavelzinha, à parte de umas neurazitas e umas baixas de auto-estima de vez em quando.

Admito que estas “coisas do além” me fazem pensar, fascinam-me. Quem me conheça sabe que sou mais prática, que não sou muito destas coisas, mas pelo sim pelo sim vou tentando decifrar, pesquisar, investigar, explorar e outras coisas acabadas em ar.



Mas hoje tive um pressentimento.

Alguém precisava de falar comigo e não falou.

Não vou chegar a saber se sim se não. Não vou chegar a saber se esse alguém é de cá ou é de lá.

terça-feira, 25 de março de 2008

Esperar




Precisava de umas boas lições. Como aprender a esperar!

Saber esperar sem desesperar, confiante, calada, sossegada, serena.

Sempre ouvi dizer que saber esperar é uma virtude.

Essa virtude que me confunde, que me deixa de rastos, que me leva lentamente.

Para mim, que ainda não consegui lá chegar, esperar é uma grande tortura.

Saber esperar…

Não dá para perder uma vida, não dá para perder o mundo, é urgente que eu aprenda a esperar.

Esperar para ver, esperar para sentir, esperar para perceber.

domingo, 23 de março de 2008

Eu dou, Tu dás


Não tenho ido muito fundo nas minhas observações.

Não sei se é bom se é mau. É só um facto.

Hoje tive uma hora de almoço muito bem passada, foi bom.

Falei muito, como sempre. Mas quanto mais falo mais me percebo.

Já tenho uma percepção de mim muito diferente daquela que tinha à um tempo atrás.

Falar, pensar e escrever têm-me feito tão bem.

Ouvi muito. E quanto mais oiço mais me apercebo que andamos todos longe.

Preciso do que me rodeia para me situar no tempo, no espaço.

Preciso do que me dizem para tentar melhorar.

Preciso de me sentir útil em relação aos outros.

Preciso da minha alma de volta. Preciso de ter calma e presença de espírito para a reencontrar tão equilibrada como quando a deixei.

Não posso sozinha… Sozinhos não somos ninguém.

É bom saber que temos amigos e pessoas que gostam de nós. E o contrário também é valido.

Precisamos de sair de nós e mostrar aos outros o quanto eles são importantes para nós. Que gostamos deles.

Não precisamos de jogos de esconde esconde, de vai ver se eu estou ali. Só precisamos de relações maduras, verdadeiras e sãs. Onde homens e mulheres são apenas seres conscientes de si e humildes na relação. Onde ninguém é de ninguém. Em que a Verdade, o Respeito e a Confiança têm de prevalecer sem rodeios.

O toma lá, dá cá é importante, é o alimento de qualquer relação. Não existe só o dar, também há o receber. Todas as relações têm uma balança e, o equilíbrio dessa balança depende do empenho de cada um. Gostar é fácil e depois?

Eu dou, tu dás, tu dás e eu dou.
Tu dás e eu recebo com um sorriso e consolido com um abraço.
Eu dou e tu recebes com um beijo, que eu retribuo com mil sorrisos.
E se por acaso eu dou e tu recebes sem conseguir dar, basta um simples gosto de ti, e eu dou mais uma vez.
E, quando o contrário acontecer, só espero ter a humildade de aceitar e conseguir dizer, sem me culpar: Eu também gosto muito de ti.

quinta-feira, 20 de março de 2008

O Essencial - Para um Amigo


Aqui vai o meu presente, que espero que contribua para que o teu dia de hoje seja um dia especial.

Como não sei falar nem cantar e não sei como te chegar roubei, estas palavras a Torquato da Luz, e esta musica, para te dar .

Espero que gostes.

“O essencial
Não deixes que o pormenor te roube o essencial.

A vida tem pequenas coisas de que se faz o dia-a-dia
mas o que conta é o quadro que resulta
da mistura de tons entre a alegria e a tristeza.
Não te deprimas nas horas pardacentas
quando tudo ameaça ruir à tua volta
nem te deixes tomar pela euforia fácil
nos momentos em que o destino é um sorriso.

Nada é o que aparenta à primeira vista
e ninguém traz no rosto a verdade inteira.
Por trás de uma expressão cheia de certezas
há por vezes um vulcão de dúvidas
e não é raro que um olhar amável
esconda uma grande desconfiança.

Não deixes que o pormenor te roube o essencial
na frágil fronteira entre o bem e o mal.”

Torquato da Luz (2006)



"Keep smiling, keep shining
Knowing you can always count on me, for sure
That's what friends are for
For good times and bad times
I'll be on your side forever more
That's what friends are for"

PARA O L. PORQUE SIM…
Com um beijinho grande de parabéns.



Dia do Pai


Hoje dia do Pai

Isto dos dias para isto e para aquilo tem muito que se lhe diga.

Não são os meus de eleição. Que não.

As coisas estipuladas servem, sim senhora, para não nos esquecermos de que há coisas na vida de uma pessoa que vale a pena lembrar, recordar, viver ou reviver. Mas não nos podemos esquecer, que assim como o Natal o deve ser todos os dias, pais e mães são-no desde que nascemos.

Só que estes dias têm a particularidade de terem nascido pelo e para o consumismo.
Estes gestos podem-se sempre aproveitar de forma positiva, claro. Coisa que sem duvida fazemos, por vezes com certas dificuldades em distinguir o que é “lembrar” com o “comprar” .

Hoje no supermercado, alguém ao meu lado dizia:
- uns chocolates, pois lá tem de ser. É tudo tão caro! Não posso comprar outra coisa. E coitado, nem sequer posso ficar a jantar com ele, tem estado tão sozinho!

Cadê aqueles beijinhos rechonchudos e aquelas palavras bonitas que dizíamos em coro… As musicas cantadas em conjunto, as orações rezadas em uníssono, as refeições melhoradas, as brincadeiras, as gargalhadas, as histórias já passadas…

E que tal fazer das tripas coração e arranjar todo o tempo do mundo para estar e viver, estes dias, com estas criaturas, enquanto e quando os temos.

Que tal aproveitar o que a vida nos dá e o pouco que ainda podemos fazer por ela.
No meu caso, ainda posso aproveitar este dia. Já o dia 8 de Dezembro só em lembranças.

“...sabe bem quando estas ao meu lado, quando o tempo me esvazia, sabe bem o teu abraço fechado...”.

(Mafalda Veiga)

E Eu e Tu, Perdidos e Sós


Não me apetece chorar, não me apetece rir, não quero estar séria, não quero só sorrir.

Estar, só por si é difícil, e parece que falar também não se pode, o tempo não o permite. Cada um no seu lugar a tentar viver o que se consegue viver dentro das 24 horas que nos são dadas para tal.

Não há tempo para ninguém, nem ninguém tem tempo para nós. A solidão espreita em cada esquina de multidão. As lágrimas já não dão nas vistas e as gargalhadas também não são bem-vindas.

Se estar, só por si é difícil, estar só também não é vida.

A felicidade vem dos gestos que temos para preencher a alma de quem nos chama. Mas estamos todos surdos. O barulho de tanta gente não deixa ouvir os gritos desesperados de solidão de quem chama por nós.

As vezes consegue-se dar cor ao céu e ver as estrelas, a lua. Mas é tudo tão rápido, que só nos conseguimos lembrar vagamente de luares dispersos e sem cor.

Tenho no peito uma mão cheia de coisas boas para dar e ninguém disponível para as receber.

Tenho no peito uma dor forte, por não saber receber uma mão cheia de coisas boas que alguém, algures tem para me dar.

"... e eu e tu
perdidos e sós..."

(Pedro Abrunhosa)

quarta-feira, 19 de março de 2008

Que Aconteceu...


Que Aconteceu...

"Nenhum desejo neste domingo
nenhum problema nesta vida
o mundo parou de repente
os homens ficaram calados
Domingo sem fim nem começo..."


(Carlos Drummond de Andrade)


Cadê todo o mundo?

Combinaram todos e fugiram?

Assim não tem graça.

Chega a Primavera e começa toda a gente a fugir. Geralmente começam a sair do seu canto refugio, do seu poleiro onde cantaram de galo todo o santo inverno, um de cada vez. Não se costuma notar muito as ausências.

Mas desta vez parece que bateu forte, foi tudo ao mesmo tempo. O pessoal bloguista que costumo consultar, desapareceu do espaço todo ao mesmo tempo. Que grande desconsolo.

Ontem, bem que andei a passear de um blog para outro, a ver quem se resolvia a dar o primeiro passo, depois percebi que estava tudo quieto e pensei que poderia estar a dar algo de muito interessante na televisão, talvez o Dr. House, 24 horas, um jogo de futebol importante, passou-me inclusive pela cabeça que poderia alguém do governo, eventualmente ter-se demitido e estar tudo na rua a … Alucinação…
Bem, tudo me passou pela cabeça, peguei no comando e fiz um zapping, com uma sensação esquisita de que poderia estar a perder algo de muito importante. Mas espanto… Não vi nada de nada e de especial muito menos - nem sequer foi noite de Óscares, nem de Gala da TVI (Theee!!! Para ver a Manuela Moura Guedes!!!…), nem tão pouco de Derby importante.

Não consegui perceber o motivo da paralisação, peguei em mim e na minha desilusão e fui-me deitar, confesso que um tanto ou quanto vazia, triste e com frio.


Amigos deste espaço, coordenem-se por favor, para bem dos que só lêem, não desapareçam todos ao mesmo tempo.



terça-feira, 18 de março de 2008

Mais um dia que acaba...


"Mais um dia que acaba
e a cidade parece dormir,
da janela vejo a luz que bate no chao
e penso em te possuir.
Noite após noite, ha ja muito tempo,
saio sem saber para onde vou,
chamo por ti, na sombra das ruas,
mas só a lua sabe quem eu sou.
Lua, lua,
eu quero ver o teu brilhar,
lua, lua, lua,
Eu quero ver o teu sorrir.

Leva-me contigo,
mostra-me onde estas,
é que o pior castigo
é viver assim, sem luz nem paz,
sozinho com o peso do caminho
que se fez para tras...
Lua, eu quero ver o teu brilhar,
no luar, no luar..."




18 de Março


Com tanta coisa fantástica por ai, e eu com tão pouca coisa para contar.

Ou por outra, muita coisa na cabeça, paletes mesmo, e pouca coisa concreta e "limpinha" para partilhar.

Quando isto acontece, podemos sempre recorrer aquele já famoso “faz de conta” que se está a escrever no diário.

- Hoje no escritório, fiz rodar o filme que tomei a liberdade de tirar do Blog de AV - “Ken Lee”.

Ao fim de 2 minutos de o enviar, não se ouvia outra coisa por cada canto do enorme open space, “Yes ee shooo, ooo” ou “ken lee, tulibu dibu douchoo”, “ken leeeee”.

Nem o estafeta se livrou. Ao fim do dia quando saí, ouvi lá no cantinho e muito baixinho o estafeta a cantar com os seus botões “Kan Leeee”…

Fiquei feliz… Hoje dei o meu contributo para um dia melhor a algumas pessoas.

E o meu dia?

Foi bom… Muito melhor passado do que pensado.

Quando pensado, as coisas não foram como eu gostaria que tivessem sido, não mesmo. Mas não posso negar que tudo o que senti hoje, foi bom, foi muito bom.

No final de contas ainda sou mulher.

domingo, 16 de março de 2008

Com Alma Renovada


Às vezes é preciso tão pouco para se ser feliz.

Estava tão distraída…

É realmente quando menos se espera que as coisas acontecem.

E eu, estava de facto alheada.

Como podem umas simples palavras fazer bater assim?

Quando as vi o meu coração pulou com tanta força que parecia que ia saltar daqui para fora.

Ainda bem que não saltou. Vou precisar muito dele. Preciso que se mantenha calmo, discreto, paciente e atento.

A trepadeira da minha varanda já começou a rebentar e com ela todos os meus sentidos. Sinto-me em flor.

Os dias já estão maiores e não tarda a hora muda.

Hoje estou feliz.

As primaveras são lindas mas muito agrestes. As expectativas crescem nesta altura do ano e geralmente não encontram o eco correspondente.

Mas hoje estou feliz e com a alma renovada.



(Jimmy Cliff - I can see clearly now)

sexta-feira, 14 de março de 2008

Ouve, é boa onda


Há segunda é de vez.

Há coincidências que não se podem deixar passar.

Definitivamente esta musica é para se ouvir.

A mensagem que me foi passada das duas vezes foi:

- Ouve esta musica, é boa onda!

E de facto, é boa onda!

Não resisto, tenho de partilhar

Obrigada por me terem passado esta onda de bom humor.
É bom receber presentes destes.

O bem que me sabe cantar e dançar esta música é o bem que me sabe a presença de cada uma das pessoas que ma deu.

Aqui vai ela



I’m Yours - Jason Mraz

Well, you done done
me and you bet I felt it
I tried to be chill
but your so hot that I melted
I fell right through the cracks,
and I'm tryin' to get back
before the cool done run out
I'll be givin it my best test
and nothin's gonna stop me
but divine intervention
I reckon it's again my turn
to win some or learn some

I won't hesitate
No more, no more
it cannot wait,
I'm yours!

Well open up your mind
and see like me
open up your plans
and damn you're free
look into your heart
and you'll find love love love
listen to the music of the moment
maybe sing with me
Ah, la peaceful melody
It's your God-forsaken right
to be loved, love, loved, love Love

So I won't hesitate
No more, no more,
it cannot wait
I'm sure.
There's no need to complicate
Our time is short
This is our fate,
I'm yours!

I've been spendin' way too long
checkin' my tongue in the mirror
and bendin' over backwards
just to try to see it clearer
my breath fogged up the glass
and so I drew a new face and laughed
I guess what I'm a sayin' is
there ain't no better reason
to rid yourself of vanity
and just go with the seasons
it's what we aim to do
our name is our virtue

I won't hesitate
No more, no more,
it cannot wait
I'm sure.

There's no need to complicate
(Well open up your mind and see like me)
Our time is short
(open up your plans and damn you're free)
it cannot wait, I'm yours!
(look into your heart and you'll find love love love)

No, I won't hesitate
(listen to the music of the moment come and dance with me)
no more, no more
(ah, la one big family)
it cannot wait, I'm sure.
(it's your god forsaken right to be loved, love, loved, love)

There's no need to complicate
(well, open up your mind and see like me)
Our time is short
(open up your plans and damn you're free)
this is our fate, I'm yours!
(look into your heart and you'll find love love love love)

no, please, don't complicate,
(listen to the music of the moment come and dance with me)
our time is short
(ah, la happy family)
this is our fate, I'm yours!
(it's our god forsaken right to be loved, love, loved, love)

no, please, don't hesitate
(listen to the music of the moment come and dance with me)
no more, no more
(ah, la peaceful melodies)
it cannot wait,
(it's you god forsaken right to be loved, love, loved, love)
the sky is yours!


quinta-feira, 13 de março de 2008

Aceitar


Aceitar os factos da vida, muitas vezes é difícil, se não mesmo impossível.

Tenho sérias dificuldades neste capítulo.

O meu eu não consegue lidar com um simples não.

O meu eu não consegue lidar com o silêncio que, por uma ou outra razão, se instala.

O meu eu não consegue lidar com a intolerância, a falta de comunicação, o não invisível.

O meu eu é um eu muito complicado, até mesmo para mim.

E se...


Com Tanto sentimento aos pulos e com tanta coisa para escrever, logo fui embater com um desfio daqueles que nos fazem perder alguns momentos bem passados na distracção de sonhos, sonhados. O que também é muito importante.

E como tal respondo ao desafio começado Aqui e lançado Aqui.

Se eu fosse um mês seria… Setembro, aquele mês onde tudo parece e pode acontecer
Se eu fosse um dia da semana seria… 5ª Feira, dia em que realmente se renasce para a vida.
Se eu fosse um número seria… um número par, números redondos. Tudo na minha vida é redondo.
Se eu fosse uma flor seria… Frésia, bonita e cheirosa e branca.
Se eu fosse uma direcção seria… A do vento
Se eu fosse um móvel seria… Uma escrivaninha bonita e cheia de segredos com um tinteiro antigo e uma pena à espera de um pensamento.
Se eu fosse um quadro seria... Um Monet, provavelmente um dos nenúfares.
Se eu fosse um líquido seria… Água, sempre água.
Se eu fosse um pecado, seria…Gula, e tantos outros.
Se eu fosse uma pedra seria… Uma pedra rolada, daquelas lisinhas e ovais, que apanhamos nas praias, para pintar.
Se eu fosse um metal seria… Prata, brilhante e reluzente em forma de medalhão, daqueles que se abre e têm as fotografias de um lado e do outro cheio de arrebiques. Até nem me importava muito se esse medalhão fosse ligeiramente possidónio.
Se eu fosse uma árvore seria… Uma laranjeira em flor
Se eu fosse uma fruta seria… Uma Romã. Doce fruto, símbolo de paixão e fertilidade…
Se eu fosse um clima, gostaria de ser … um fim do dia de Setembro, numa praia quase selvagem, com aquela maresia envolvente, de um mar que já não é chão e uma leve brisa a roçar no pescoço levantando com suavidade o cabelo. O cheiro a mar, a vento, a sol. E uma bebidinha assim leve, que nos tire os pés do chão e por último uma boa companhia.
Se eu fosse um instrumento musical seria… Um piano daqueles enormes, pretos, brilhantes que estavam nos bares dos hotéis, quando eu era pequenina, e que nos bloqueavam os movimentos com os seus acordes.
Se eu fosse um elemento seria… A água, água corrente, limpinha e fria.
Se eu fosse uma cor seria… O Preto… e branco
Se eu fosse um animal seria… Um cavalo – “Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar?”
Se eu fosse um som seria… O da chuva?
“Batem leve, levemente,
Como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
E a chuva não bate assim. … “
(Augusto Gil)

Se eu fosse uma canção seria… Elton Jonh, sempre Elton John.
Se eu fosse um perfume seria… Ligth blue
Se eu fosse um sentimento seria… nostalgia, mas adoraria ser amor
Se eu fosse um livro seria… um livro antigo de capa grossa, cheio de mistérios, daqueles que cheiram a livraria antiga. Tal e qual o livro do “Shreck 1 – Era uma vezzz…”
Se eu fosse uma comida seria… Pão, provavelmente alentejano, com manteiga
Se eu fosse um cheiro seria… o cheiro que paira no ar ao fim do dia. Principalmente na Primavera.
Se eu fosse uma palavra seria... Paixão
Se eu fosse um verbo seria… Amar, Beijar, Crescer, Dar… Tem de ser só um??
Se eu fosse um objecto seria… Um relógio, de pulso, de parede, de bolso… Parava o tempo quando fosse preciso e fazia-o andar quando fosse necessario.
Se eu fosse uma peça de roupa seria… Sapatos ou melhor, umas botas em pele, cor de pele, bonitas imponentes de corte italiano, um tanto ou quanto masculinizadas.
Se eu fosse uma parte do corpo seria… As mãos. Sim as mãos. Definitivamente as Mãos. Os ombros, em segundo plano, e se só se não fosse possível ser as Mãos.
Se eu fosse uma expressão seria… Um sorriso! Um olhar…
Se eu fosse um desenho animado seria… a Wendy, do Peter Pan. Crescimento e responsabilidade versos a terra do nunca, onde as crianças nunca deixam de ser crianças.
Se eu fosse um filme seria… Shreck 1.
Se eu fosse uma forma seria… Redonda
Se eu fosse uma estação seria… Primavera, começar e recomeçar, cair e levantar de novo.
Se eu fosse uma frase seria… neste preciso momento “Um abraço não é tudo o que podemos dar e receber, mas é muito daquilo que precisamos para viver.”

Está feito.

segunda-feira, 10 de março de 2008

E...


E depois de um fim de semana em Serpa...

A semana vai começar.
Mais um dia, mais uma semana, mais do mesmo.
Recomeça a nossa agonia, a agonia do dia-a-dia.
Aquele quotidiano que me deixa doente, que tomei de ponta.
Já não aguento o ramram do acorda, …, deita, acorda…
Qual é a diferença entra a 2ª feira e a 6ª feira?
A roupa que se tem vestida…
Mas também não sei como se sai desta “tortura”.

“Desperado
Why don't you come to your senses?
You've been out ridin' fences,
for so long now
Oh, you're a hard one
but I know that you've got your reasons
These things that are pleasin' you
can hurt you somehow

Don't you draw the queen of diamonds boy
She'll beat you if she's able
You know the queen of hearts is always your best bet
Now it seems to me some fine things
have been laid upon your table
But you only want the ones
that you can't get

Desperado
Oh, you ain't getting no younger.
Your pain and your hunger,
they're driving you home
And freedom, oh freedom
well that's just some people talking.
Your prison is walking through this world all alone

Don't your feet get cold in the winter time?
The sky won't snow and the sun won't shine
It's hard to tell the night time from the day
And you're losing all your highs and lows
Ain't it funny how the feeling goes
away...”

Desperado
Why don't you come to your senses?
Come down from your fences, open the gate
It may be rainin', but there's a rainbow above you
You better let somebody love you
(let somebody love you)
You better let somebody love you
before it's too late.”

(The Eagles)



Mas a minha vida tem coisas lindas, momentos fora de serie que me trouxeram e deram coisas que não posso deixar de agradecer e reconhecer que melhor não podia ter tido, nem vivido.

Tenho comigo as melhores coisas que uma mulher pode ter.

Momentos, passagens, relâmpagos, pessoas importantes, amigos, filhos, recordações memoráveis.

A vida tem sido amiga.

É talvez à conta de tanta coisa boa e bonita que tive, que quando tenho alguns momentos de acalmia, não aguento, de tanto tédio.

Como dizia uma sobrinha minha quando era pequenina e não a deixávamos fazer o que queria:

Ai, que esta vida já não é minha…

Não consigo tomar-lhe as rédeas.
Ao sol sou alegre, à sombra sou nostálgica,
Por fora sou forte, por dentro indefesa,
Mostro-me confiante quando na realidade sou descrente,
A insegurança faz parte da minha vida como a areia faz parte da sua praia.
Por norma estou a rir por excepção as lágrimas caem.
Mas não sou alegre porque a tristeza bate-me.
Sei que não adianta chorar. Rir sempre foi a forma de passar por cima de todos os males que me fazem doer. Mas esta arma fragiliza. Fomenta a solidão da alma. Afasta a atenção de que tanto precisamos E dou por mim fraca, sem animo, sem alento, sem forças para sequer partilhar este pedaço de mim com alguém. Chorar limpa a alma e o amor renova o espírito.

“Love will keep us alive

I was standing
All alone against the world outside
You were searching
For a place to hide

Lost and lonely
Now you've given me the will to survive
When we're hungry... love will keep us alive

Don't you worry
Sometimes you've just gotta let it ride
The world is changing
Right before your eyes

Now I've found you
There's no more emptiness inside
When we're hungry...love will keep us alive

I would die for you
Climb the highest mountain
Baby, there's nothing I wouldn't do”

(The Eagles)



domingo, 9 de março de 2008

Outra vez


Uma coisa é uma coisa,
Outra coisa é outra coisa .
E ainda há mais coisas!
Outras coisas que não são nem umas nem outras.
Mas já são coisas a mais para esta coisa.
E se quero deixar bem claro algumas coisas…
O melhor mesmo é ficar por aqui.


"Você foi!
O maior dos meus casos
De todos os abraços
O que eu nunca esqueci
Você foi!
Dos amores que eu tive
O mais complicado
E o mais simples prá mim...

Você foi!
O melhor dos meus erros
A mais estranha história
Que alguém já escreveu
E é por essas e outras
Que a minha saudade
Faz lembrar
De tudo outra vez...

Você foi!
A mentira sincera
Brincadeira mais séria
Que me aconteceu
Você foi!
O caso mais antigo
O amor mais amigo
Que me apareceu...

Das lembranças
Que eu trago na vida
Você é a saudade
Que eu gosto de ter
Só assim!
Sinto você bem perto de mim
Outra vez...

Me esqueci!
De tentar te esquecer
Resolvi!
Te querer, por querer
Decidi te lembrar
Quantas vezes
Eu tenha vontade
Sem nada perder...

Ah!
Você foi!
Toda a felicidade
Você foi a maldade
Que só me fez bem
Você foi!
O melhor dos meus planos
E o maior dos enganos
Que eu pude fazer...

Das lembranças
Que eu trago na vida
Você é a saudade
Que eu gosto de ter
Só assim!
Sinto você bem perto de mim
Outra vez.... "

(Roberto Carlos)




“Ter um amigo
é maravilhoso.

Ser amigo de alguém
ainda melhor;
é como recordar
e sentir o Sol a brilhar.

Um amigo é alguém
com quem se está bem.

Mas um amigo
é muito mais do que isso!
É alguém que pensa em ti
quando não estás aqui.

Nunca se está realmente só
quando se tem um amigo.

Amigo é uma palavra bonita.

É quase
a melhor palavra!”

Leif Kristiansson(Tradução de Sophia de Mello Breyner)

sexta-feira, 7 de março de 2008

Desafios


AV lançou novo desafio aqui.

Não foi para mim, obviamente, mas...

Achei graça porque assim que li, comecei automaticamente a pensar como é que eu posso dizer:

"A marquesa saiu as cinco. "

E saiu-me assim de repente várias hipóteses:

Como cantiguinha de criança:

“Já a tarde ia longa
Quando o cuco espreitou
E cinco badaladas cantou.
A marquesa levantou-se e desceu
o seu cabelo ajeitou,
Pegou no lulu e basou.
Já a noite espreitava
Quando a Marquesa voltou
E o que fez, a ninguém contou.”

Como…

A Marquesa deu de frosques por volta das cinco.
Um embrulho trouxe quando voltou
E no lixo o deitou
Mas quem lho fez a ninguém contou

Ou como…

D. Marquesa se vestiu, bateu a porta e sumiu.
Eram cinco da tarde, mas ninguém viu.

E ainda como…

D. Marquesa, basou, deu de frosques, pirou-se, evaporou-se, pisgou-se, abalou, zarpou, … às cinco. (e quantas mais palavras há para descrever saiu, foi-se embora?)

Mas também há como…

No limiar da porta a criada espreitou e avisou a sua senhora de que as cinco tinham acabado de bater. Calmamente a Marquesa levantou-se, deu um jeito no cabelo amassado, vestiu um casaco e dirigiu-se à porta. Sem dar explicações saiu.

Finalmente, para acabar com tanto disparte, como...

Deve ser das altas horas da noite, que só me saem Duques para a acompanhar a Marquesa que saiu às cinco.

E por fim ainda bem que Paulo Mendes Campos não está cá para “assistir a esta vulgaridade”.

Solidão


Terça-feira, Março 04, 2008

Contra a solidão

“Por mais que se pretenda disfarçar,
a poesia é um grito contra a solidão
e não adianta procurar
qualquer outra explicação
para a urgência de dizer a toda a gente
o que no íntimo se sente.”

posted by Torquato da Luz

Bonito este poema de Torquato da Luz.

Estou de acordo com tudo. Como quem diz: - Sim, sinto o que diz.

Os sentimentos puros quando sentidos, são sentidos sozinhos.

Não sou só eu que sinto, mas o que sinto é só meu, sejam alegrias, tristezas ou nostalgias.

A solidão é por si só poesia como também é poesia quando transformamos esta solidão num grito de chamamento.

E é a imensidão dos nossos dizeres ou a imensidão dos dizeres dos outros que nos dá alento para olhar em frente e avançar.

É como que um dizer: - Eu já senti isto, e tu? Se sentiste, não estás sozinho. Eu, um dia, também senti. - Automaticamente sentimo-nos acompanhadas.

Mais uma vez, Nés só tu.

Frase tão bem esgalhada! Dá para tudo e em qualquer situação.

Obrigada Torquato da Luz, todos os dias tenho sentido a “solidão dos meus sentimentos” e todos os dias “pretendo disfarçar” e fingir que nada se passa, mas todos os dias tenho tido a “urgência” de chegar ao meu cantinho e desabafar “o que sinto no intimo”.

Sou poeta no sentir, mas não tenho a minha poesia…

Agarro na poesia dos outros e faço dela, minha.

Sei, que o que digo nada é, mas o que sinto, é certamente.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Quando


Hoje foi dia de arrumações de papéis.

Aquelas que se começam e invariavelmente ficam a meio.
Nunca vi uma acumulação de tanto papel em tão pouco tempo nesta minha vida.

Como sempre tiro os papéis dos bancos, das contas, dos médicos e ficam para variar aqueles que nunca sabemos se guardamos para recordação ou se deitamos fora.

Olhamos, matamos saudades, deitamos alguns fora acrescentamos outros, baralhamos pomos por ordem e guardamos da mesma forma como os encontrámos.

Hoje dei com os olhos num papel lindo de morrer dentro de uma mica transparente.

Fui ler.

Dei-me conta de que era um poema da Sophia de Mello Breyner, que foi adaptado em homenagem à minha mãe, quando morreu.

Foi escrito/adaptado por um grande amigo dela e foi-nos dado no dia em que fez um ano que tinha morrido.
Confesso, que na altura li, chorei, e como tudo o que me faz mal, pus de parte e nunca mais olhei.

Hoje, quando dei de caras com ele, achei tão bonito, tive tantas saudades, que senti que o devia

partilhar de mim para “comim”, aquilo que ela deveria ter adorado.


"Quando

Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.

Outros em Serpa passarão no monte
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes no horizonte,
Outros amarão as coisas que eu amei.

Será o Trilho, o mesmo arado
Será a mesma buganvília à minha porta,
E os cabelos dourados do montado,
Como se eu não estivesse morta.”

2003 – 4 de Agosto – 2004
(Adaptação de AA de um poema de Sophia de Mello Brayner)


Escusado será dizer que os papéis assim ficaram. Desta vez mais desarrumados do que nunca.

Aqui vai o original


“Quando

Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.

Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.

Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Com se eu não estivesse morta.”

(Sophia de Mello Breyner Andresen in Dia do Mar)

quarta-feira, 5 de março de 2008

Tia Manané


Não há nada pior do que ter de se trabalhar quando não se está para ai virado e ainda por cima a tecnologia não ajuda. (A internet, está fora de serviço outra vez e não consigo aceder à VPN.)

Ora é o que me está a acontecer neste momento.

Hoje ainda por cima estou cheia de ideias, uma verdadeira idiota, que nem sei mesmo por onde começar.

Pelo princípio diria uma Tia minha. Uma Tia linda já velhota e doente que ontem foi visitar.

Esta Tia, não é só uma tia, é uma TIA. Era prima direita da minha Avó e sua grande amiga.

Foi com ela que aprendi a ser alegre. Histórias, musicas, danças, brincadeiras era mesmo com a Tia Manané.

Muitas horas boas passamos juntas.

Ontem fui vê-la, fazer-lhe um pouco de companhia, dar um bocadinho daquilo que ainda tenho para dar e tirar-lhe um pouco daquilo que tanto preciso de ter, referências.

O pouco tempo que lá estive deu para preencher um bocadinho da minha alma.

Relembramos adivinhas como:

Qual é o animal que acaba em i, sem ser o javali, o colibri e o sagui?
(o Boi)
Como é que se diz café forte numa palavra só?
(CAFÉ)
Músicas de criança:
“Sabiá, lá na gaiola fez um buraquinho voou, voou, voou, voou.
E o menino, coitadinho que gostava tanto do bichinho, chorou, chorou, chorou, chorou.”,
“O Balão do João”, “Os patinhos”, o “Sr. Barqueiro” sei lá mais quantas. Todas as que sei.

Ali estava ela, tal e qual a conheci.

Por momentos ainda tive esperança, de que saísse uma história da família, mas a “festa” já ia longa e as energias já estavam no limite.

Via-se o cansaço nos seus gestos, nos seus olhos tristes, nas suas palavras amigas e simpáticas.

Senti-me bem ao seu lado, prometi que a visitava outra vez. Saí de lá com uma vontade enorme de voltar e com um medo terrível de não conseguir cumprir com o prometido.


Esta visita fez-me bem.

terça-feira, 4 de março de 2008

E a Vida Acontece


Estas musicas fazem parte da Vida, e dela fazem parte os momentos que com estas musicas vivemos.

Os nossos pequenos grandes momentos.

Você não me ensinou a te esquecer

"Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços
É verdade, eu não minto

E nesse desespero em que me vejo
Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só para ver se te encontro

Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la

Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho "

(Caetano Veloso)






Mimar Você

"Te quero só pra mim
Você mora no meu coração
Não me deixe só aqui
Esperando mais um verão
Te espero meu bem
Para gente se amar de novo
Mimar você
Nas quatro estações
Relembrar
O tempo que passamos juntos
Bem bom viver
Andar de mãos dadas
Na beira da praia
Por esse momento
Eu sempre esperei"

(Caetano Veloso)





domingo, 2 de março de 2008

Começar de Novo


Ai que estou sem alma!

Outra vez este vazio?

Dizem que é falta de inspiração.

Eu chamo falta de imaginação.

Estou habituada a um diário, muito meu, onde escrevo o que se passou, como e o que se vai passar!

Aqui o assunto não se esgota, é o meu dia-a-dia, esse não falha, tanto pormenor e tanta “opinação”. Tem milhões de coisas escritas que geralmente parecem desemparelhadas e misturadas, mas que para mim são coisas encadeadas, têm uma linha condutora. A linha do meu pensamento.

Ás vezes faz-me lembrar as embrulhadas dos textos escritos por António Lobo Antunes. Só que os dele são dele, e na sua maioria lindíssimos, e chegam sempre a uma conclusão lógica. Já os meus… Coitados!

Mas como eu ia dizendo, ele escreve o que pensa e encadeia os pensamentos de uma maneira pouco habitual de se ver.

A tendência da maioria das pessoas, é para tentar organizar os pensamentos antes de os dar a conhecer.

ALA, não parece nada ralado com esse assunto. Organizar o que não é minimamente organizável, não tem razão de ser. É preciso explicar muita coisa e perde-se o fio condutor em explicações. Se conseguirmos seguir a corrente do seu pensamento chegamos onde ele nos quer levar, na maior das anarquias. É assim que ele chega a ter graça (e ALA que me desculpe, mas é exactamente o sinto quando o leio).

Ora! Perdi-me novamente.

Ia eu dizendo que, escrevo uma data de trapalhadas no meu diário que, para os outros parece o caos, mas que para mim não é. E escrevo páginas e páginas seguidas, tão depressa que como palavras. Mas mais vale comer palavras que pensamentos! Isto na altura claro.

Misturo sentimentos com acontecimentos, momentos com sonhos, desejos com ilusões, factos com quadros, cenas com vistas. Enfim…

Aqui vai um pequeno exemplo, um fragmentozinho do que escrevi hoje no meu diário:

Hoje olhei para o céu e nele vi a desordem do dia. Comecei por vislumbrar a Lua, no meio de uma aberta de nuvens, em pleno dia.

A mistura do céu azul a atirar para o turquesa, a aparecer em nesgas no meio de cinzentos de todas as tonalidades, os verdes das várias ramagens e folhagens, que agora começam a aparecer, juntamente com todos as outras cores desconcertadas e desordenadas, encarnados nos telhados, cor de laranja nas fachadas, preto das estradas, castanhos secos, vivos, desmaiados, mesclados e afins. Todo este tumulto me fez lembrar os dias de praia com muito vento. Em que o vento a passar nos ouvidos nos fazem ficar confundidos mentalmente, o mar desarrumado confundidos visualmente, o frio e a humidade que deixam a areia colada ao corpo confundidos fisicamente.

O que geralmente me parece bonito, hoje acordou desarrumado e descoordenado.

O desconforto visual, rapidamente se transformou desconforto físico e a concentração foi para o espaço.

E como uma coisa nunca vem só, tudo se desmoronou à minha volta, num rodopio de acontecimentos precipitados que me deixou deveras irritada. Esta situação fez-me lembrar o anúncio da DOVE.

Nestas alturas deve-se fazer um rewind.

Fechar os olhos, inspirar e expirar fundo, fazer vir à lembrança coisas boas da nossa vida e, com calma, começar de novo.




"Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido

Começar de novo e só contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Sem as tuas garras sempre tão seguras
Sem o teu fantasma, sem tua moldura
Sem tuas escoras, sem o teu domínio
Sem tuas esporas, sem o teu fascínio
Começar de novo e só contar comigo
Vai valer a pena já ter te esquecido
Começar de novo..."

(Iven lins)