sábado, 17 de novembro de 2007

Surpresa


Surpresa, diz a wikipédia, é “um sentimento de reacção relativo a um acontecimento inesperado. Pode-se manifestar a partir de impulsos nervosos como manifestações químicas, libertação de adrenalina ou manifestações físicas, como o aumento do ritmo cardíaco.”

Pois não sei como é possível que eu, com esta provecta idade, ainda me surpreenda com algumas atitudes e reacções em relação a determinadas coisas que me acontecem.
Como é que ainda existem tantos “acontecimentos inesperados” que me provocam “sentimentos de reacção”!

Lá que acontece, acontece e o pior (ou melhor) é que é quase todos os dias.

Atrevo-me a dizer que são mesmo estes sentimentos provocados por “acontecimentos inesperados” que fazem com que a vida tenha muito mais graça.

Ainda vou um bocadinho mais longe no meu atrevimento dizendo mesmo, que esta capacidade de ter “manifestações químicas, como libertação de adrenalina, e manifestações físicas, como o aumento do ritmo cardíaco”, é única. E têm a belíssima característica de reaparecer após longos anos dormência.
Quando achamos que já tinha desaparecido eis que ela volta em todo o seu esplendor. Fantástico… Desta vez muito mais apreciada e muito mais “madura?”, vivida com uma intensidade diferente, de quem já não tem todo o tempo do mundo.

Bem, “até chego a ter graça”, tanto falatório mas não disse ainda que tipo de coisas me têm surpreendido .

TUDO

Tudo está diferente. A vida está diferente, as pessoas estão diferentes, a luz está diferente.
As minhas reacções despertam em mim própria uma certa admiração.
O meu umbigo ficou de repente muito mais evidente.
Tenho vindo a renascer aos poucos, sem todas aquelas dores de crescimento próprias da adolescência, sem tantas instabilidades e inseguranças provocadas pela conjuntura da vida.
É certo que existem algumas reminiscências, mas têm sido muito mais suaves e muito mais curtas.

Agora tenho outro novo desafio, o segundo na minha linha de contagem, reaprender a viver com esta realidade.

Reaprender a viver implica reavaliar uma vida. Não é fácil. E depois da reavaliação começam-se a dar os primeiros passos.

Coisas tão simples como, sair à rua e respirar fundo, passear no paredão e apreciar toda aquela imensidão, repor as relações com os amigos, aprender a estar, a ouvir, a falar, a sentir, desenterrar aqueles pequenos prazeres que nos fazem felizes (tais como ouvir musica tão alto que nos faça esquecer de que existe um mundo cão lá fora), descobrir toda a vastidão de coisas que foram aparecendo e que nunca tivemos tempo de conhecer, olhar para nós e por nós.

Tantas coisas por descobrir, por viver, por sentir.
Tantas responsabilidades, deveres, dependências.

A conciliação é dificil e por vezes atabalhoada. As escolhas nem sempre as melhores. Mas como nada é impossível, tudo se vai resolvendo.

É aqui que entra aquela grande frase que a minha amiga Tina tanto gosta de pronunciar:

A prioridade regula a vida



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